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Sem Neymar e Danilo, Seleção inicia preparação para encarar Camarões

O Brasil voltou a treinar nesta terça-feira no estádio Gran Hamad, após a vitória sobre a Suíça, por 1 a 0. Com a classificação garantida para as oitavas de final e ainda sem Neymar e Danilo, Tite comandou atividade predominantemente com os jogadores que não começaram a partida da noite anterior diante dos suíços. A expectativa é de que boa parte deste grupo tenha oportunidade diante de Camarões.

Estiveram em campo Daniel Alves, Bremer, Antony, Gabriel Jesus, Martinelli, Everton Ribeiro, Pedro, Alex Telles, Bruno Guimarães e Fabinho, além dos goleiros Ederson e Weverton.

Como de hábito, os titulares fizeram trabalho regenerativo e muitos sequer foram para o campo. Neymar mais uma vez ficou no hotel para tratamento intensivo da lesão no tornozelo. O craque corre contra o tempo para ficar à disposição de Tite no duelo de oitavas de final, na próxima segunda-feira, contra o segundo colocado do Grupo H. Danilo, na mesma situação, foi ao CT.

Ainda nesta terça-feira, os jogadores vão receber familiares para um jantar no hotel onde estão concentrados em Doha. A prática já aconteceu após a vitória sobre a Sérvia e a tendência é que se repita nos dias seguintes aos jogos.

Tite não quis antecipar sobre as mudanças que vai fazer para a última rodada, mas a classificação antecipada permite o cenário quase perfeito para a Seleção. Depois de usar 19 dos 26 convocados, o treinador pode fazer alterações para a próxima partida.

Claro que a Seleção precisa garantir o primeiro lugar ainda – e basta apenas um empate contra os africanos -, mas a ideia é preservar alguns jogadores para as oitavas. Serão apenas 72 horas de intervalo entre a partida de Camarões e a do primeiro mata-mata, na segunda, dia 5 de dezembro.

Ainda não entraram em campo os dois goleiros reservas (Ederson e Weverton), o lateral Daniel Alves, o zagueiro Bremer, os meias Fabinho e Everton Ribeiro e o atacante Pedro. É bem provável que Tite preserve alguns jogadores, ainda mais diante da possibilidade – que existe – de não contar com Danilo e Neymar para as oitavas de final.

Líder do Grupo G, com seis pontos e três gols de saldo, o Brasil encara Camarões na próxima sexta-feira, às 16h (de Brasília), no Lusail. Caso confirme a primeira colocação, a partida de oitavas de final está marcada para segunda-feira, no mesmo horário, no 974, contra o segundo colocado do Grupo H, liderado por Portugal, seguido por Gana, Uruguai e Coreia do Sul.

Neymar posta do hotel em apoio ao Brasil antes de jogo com Suíça na Copa do Mundo — Foto: Reprodução / Instagram
Senador Marcelo Castro é o relator-geral do Orçamento de 2023

PEC da Transição atinge quantidade necessária para começar a tramitar

O senador Marcelo Castro (MDB-PI) apresentou na noite de ontem, segunda-feira (28), o texto final da PEC da Transição, a proposta de emenda à Constituição que exclui do teto de gastos as despesas do Poder Executivo com o programa Bolsa Família.

A matéria precisa de 27 assinaturas para ser numerada e começar a tramitar no Senado. Hoje, terça-feira (29), ao menos 28 senadores já assinaram o apoio.

A PEC da Transição permite gastos de R$ 198 bilhões fora do teto em 2023. Desse total, R$ 175 bilhões serão usados para pagar um benefício de R$ 600 para o Bolsa Família a partir de janeiro, além de R$ 150 por criança de até 6 anos de idade.

Os R$ 23 bilhões restantes, obtidos por meio do excesso de arrecadação em tributos, devem ser usados exclusivamente em investimentos. De acordo com o texto, a receita extra do ano pode ser usada para incrementar investimentos fora do teto.

Marcelo Castro é relator-geral do Orçamento de 2023. Para que as regras possam valer a partir de janeiro, a PEC da Transição precisaria ser aprovada no Senado e na Câmara dos Deputados antes do projeto de lei orçamentária anual (PLN 32/2022), que deve ser votado pelo Congresso Nacional até 16 de dezembro.

Como exclui do teto de gastos todas as despesas do Poder Executivo com o Bolsa Família, a expectativa é de que a PEC da Transição abra um espaço de até R$ 105 bilhões na proposta orçamentária de 2023. O dinheiro seria usado para recompor as dotações de ações consideradas subfinanciados no PLN 32/2022. É o caso do Farmácia Popular e do reajuste do salário mínimo.

“Tendo em vista o pouco tempo que temos para aprovarmos a PEC e por ela ser absolutamente indispensável para a governabilidade do país no próximo ano, vamos fazer os ajustes necessários para a aprovação, durante a tramitação da proposta. O texto apresentado excepcionaliza do teto de gastos o valor necessário para dar continuidade ao pagamento dos R$ 600 do Bolsa Família, mais R$ 150 por criança de até seis anos de idade. E, ainda, recompõe o Orçamento de 2023, que está deficitário em diversas áreas imprescindíveis para o funcionamento do Brasil. Esperamos aprovar a PEC, nas duas Casas [Senado e Câmara], o mais rápido possível, para que possamos começar a trabalhar no relatório do Orçamento de 2023”, destacou Marcelo Castro.

A PEC de Transição também deixa fora do teto receitas próprias de universidades, obtidas por meio de convênios e doações, por exemplo. De acordo com a proposta, o mesmo acontece com projetos socioambientais ou relativos às mudanças climáticas custeadas por doações.

Tramitação

Depois de obter as 27 assinaturas exigidas pelo Regimento Interno, a PEC da Transição segue para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Um senador será designado para relatar a matéria, que será incialmente votada no colegiado.

Depois de analisada pela CCJ, a PEC segue para o Plenário do Senado, onde precisa ser submetida a dois turnos de votação. Para ser considerado aprovado, o texto depende do aval de três quintos da composição da Casa, um total de 49 votos favoráveis em cada etapa de votação.

Sustentabilidade social

Outra proposta de emenda à Constituição que aguarda a obtenção de assinaturas para começar a tramitar é sugerida pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). Chamada de PEC da Sustentabilidade Social, a matéria permite uma expansão de R$ 80 bilhões no limite das despesas primárias do Poder Executivo para 2023.

O valor seria incorporado definitivamente ao teto de gastos calculado para os anos seguintes, o que permitiria a manutenção do benefício de R$ 600 para o programa Bolsa Família. Até o início da manhã desta terça-feira, a proposta contava com o apoio de 11 parlamentares.

Fonte: Agência Senado

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PF deflagra operação de combate ao tráfico internacional de indígenas

Indígenas eram levados para trabalharem em lavouras de maconha no Paraguai

Nesta terça-feira (29/11), a Polícia Federal deflagrou a Operação Ceuci Mirim, com o objetivo de desarticular organização criminosa atuante na fronteira do Brasil com o Paraguai, principalmente na região do Cone Sul de Mato Grosso do Sul, que se dedicava ao recrutamento e tráfico de indígenas (maiores e menores de idade) das aldeias situadas nos municípios de Paranhos/MS, Coronel Sapucaia/MS, Aral Moreira/MS, Amambai/MS, Antônio João/MS, dentre outras, para trabalharem em lavouras de maconha no Paraguai, sobretudo no Departamento de Amambay/PY, em condições análogas à escravidão.

As investigações foram realizadas por uma Equipe Conjunta de Investigação Brasil –Paraguai, formada pela Polícia Federal, Ministério Público Federal, Fiscalia do Paraguai e Polícia Nacional do Paraguai.

Considerando o contexto espacial em que os crimes se consumam, sendo, em sua maioria, já em território estrangeiro (Paraguai), o que representa empecilho de ordem territorial para o avanço das investigações em território nacional, o cumprimento das medidas de busca e apreensão tem por finalidade angariar provas da prática do crime de tráfico de pessoas, tipificado nos artigos 239 da Lei 8.069/90 (Estatuto da Criança e do  Adolescente) e no art. 149-A do Código Penal, com a identificação de vítimas, aliciadores e proprietários de lavouras de maconha no Paraguai, mediante a apreensão de dispositivos eletrônicos, documentos e outros elementos de prova.

Nesse sentido, foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão, sendo três no município de Paranhos/MS, dois em Aral Moreira/MS, e os demais em Tacuru/MS, Amambai/MS e Antônio João/MS. A ação contou com a colaboração da FUNAI de Ponta Porã/MS e região.

Fonte: Comunicação Social da Polícia Federal em Mato Grosso do Sul

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Paço Municipal recebe a exposição “Movimento Impresso” de Regiane Spolon

Para encerrar um ano repleto de artistas talentosos com as mais diferentes técnicas de pintura, o projeto Arte no Paço inaugurou na última segunda-feira (28) a oitava e última exposição de 2022, trazendo as obras de Regiane Spolon. Até o dia 28 de dezembro, o público poderá admirar e adquirir as peças produzidas com a utilização de folhas de árvores cuidadosamente selecionadas. A iniciativa é coordenada pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Sectur).

Regiane é natural de São José do Rio Preto, interior de São Paulo, onde também reside atualmente, e trabalha com arte desde os 12 anos de idade. Ela é formada em Artes Plásticas pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU-MG) e chegou a trabalhar como docente no curso por dois anos e meio. Acumula ainda em seu currículo oficinas de gravura e desenho que ministrou e exposições em Sertãozinho, Ribeirão Preto, Cravinhos, São Paulo, Campo Grande e Lisboa.

O primeiro contato com a Cidade Morena aconteceu na época da faculdade, quando Regiane era pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e apresentou um projeto na área de gravuras em um congresso da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Nos últimos três anos, ela esteve em diversas ocasiões na Capital, sempre a trabalho. Em 2022, abriu o ciclo de exposições da Galeria de Vidro, e agora, ela retorna a Campo Grande encerrando o ano com a coleção “Movimento Impresso.”

“A exposição surgiu em um momento em que eu estava em uma busca interna por autoconhecimento, e a questão das folhas sempre esteve muito presente na minha vida: sempre gostei muito de plantar e ver as plantas germinando. Há cerca de dois anos eu retomei meus trabalhos com cerâmica, e justamente através da impressão de folhas nas peças. E depois de fazer alguns estudos em desenho, trabalhei essas impressões das folhas no papel, utilizando aquarelas e nanquim como uma herança da gravura”, conta Regiane.

Ela compara as marcas deixadas pelas folhas às nossas impressões digitais e explica que passou do papel para as telas quando sentiu a necessidade de expandir o formato do trabalho. Adicionando técnicas de pintura, a artista conseguiu utilizar folhas maiores nas obras, com diferentes texturas, e com um gestual mais solto e forte do que o empregado com o bico de pena. “Essa exposição tem muito dessa alma, dessa identidade e dessa digital; eu consegui falar de mim através das plantas, misturando técnicas de gravura, desenho, pintura e escultura que resultam nesse trabalho poético”.

O secretário municipal de Cultura e Turismo, Max Freitas comemorou o sucesso do projeto Arte no Paço, que trouxe mais visibilidade ao talento de diversos artistas que nasceram ou passaram por Campo Grande. “Ocupar os espaços públicos com arte é um dos objetivos da atual gestão. Fizemos isso em praças, nos bairros e distritos da Capital e também na própria sede da Prefeitura, como forma de aproximar os campo-grandenses do Executivo Municipal. Esperamos poder dar continuidade ao Arte no Paço em 2023 e mostrar muitas novas coleções lindas como a da Regiane”.

Serviço:

A coleção “Movimento Impresso” ficará disponível para visitação até o dia 28 de dezembro. As obras estarão à venda e poderão ser retiradas ao fim da exposição.

O Paço Municipal fica localizado na Avenida Afonso Pena, n.º 3.297, no Centro. A entrada é gratuita.

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Casos de Covid aumentam em Campo Grande.

Desde a identificação de uma nova variante do coronavírus no país, a Secretaria Municipal de Saúde tem acompanhado um crescimento no número de atendimentos a pacientes sintomáticos respiratórios nas unidades 24h da Capital. Além da subvariante BQ.1, a Sesau também alerta para a baixa procura pelas doses de reforço da vacina, que estão disponíveis para quase toda a população. 

Apesar de ainda não ter sido isolada, acredita-se que esta mutação do vírus já está circulando em Campo Grande, uma vez que a maior parte dos voos que saem da cidade passam por locais como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, onde já foi confirmada a presença da BQ.1. 

“Acreditamos ser apenas uma questão de tempo para que identifiquemos a variante aqui. A cada dia cresce o número de estados que confirmam a circulação dela, e aqui não será diferente”, explica a superintendente de vigilância em Saúde, Veruska Lahdo. 

O aumento nos atendimentos a pacientes respiratórios gera também um crescimento na procura por testes, e, neste mês, o total de exames coletados foi cerca de 51% maior que em outubro. Até o dia 23 de novembro, eram 3.971 coletas contra 2.625 durante o mês passado. 

Este crescimento na procura resulta em uma subida no total de casos positivos. Durante a semana epidemiológica 45, que foi do dia 20 a 26 deste mês, a positividade dos testes foi de 8,2%, ou seja, a cada cem exames realizados, pouco mais de oito eram positivos. Na semana anterior, a cada cem testes feitos, pouco mais de 5 pessoas estavam com Covid-19. 

A Capital já registrou 4.601 óbitos pela doença desde o ano de 2020, e as internações dão novos sinais de crescimento. “Nossos números são muito baixos, mas já é possível perceber um crescimento, no mês passado somente uma pessoa foi internada, neste mês já são cinco, sendo três delas em leitos de UTI”, alerta Veruska. 

Ela ainda completa que a vacinação é a forma mais eficaz de se proteger contra o vírus, e que para evitar riscos de formas graves da doença, o melhor é estar com as doses de reforço em dia. “Pouco mais de 145 mil doses foram aplicadas em pessoas que estavam atrás do segundo reforço, é um número muito pequeno frente à população apta se vacinar”, conclui. 

Fonte: PMCG

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MS amplia área de cobertura do esgoto para 60% e se aproxima da universalização

Além do indispensável uso da água potável nas residências, o tratamento do esgoto é uma medida fundamental para promover a qualidade de vida da população e o desenvolvimento sustentável de uma região e, Mato Grosso do Sul, avança cada vez mais em direção às normas estabelecidas pelo novo marco legal do saneamento (lei 14.026/20).

Esse dispositivo criou um ambiente de maior segurança jurídica, competitividade e sustentabilidade para atrair investimentos privados.

Nesse contexto, os desafios da universalização do esgoto estão sendo enfrentados e cumpridos pelo governo de Mato Grosso do Sul, cuja área de cobertura hoje é de 60%, segundo dados divulgados pela ADEMAM (Assessoria da Diretoria de Engenharia e Meio Ambiente) da Sanesul (Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul).

O setor estima aumentar percentual maior de crescimento da área de cobertura até o fim de dezembro com a entrega de novos investimentos como parte do cronograma de obras estabelecido pelo governador Reinaldo Azambuja e que vem sendo cumprido à risca pela estatal.

Com investimentos milionários, a companhia busca se antecipar a meta do novo marco legal do saneamento.

Num cenário extremamente favorável, a Sanesul, que é uma das companhias de saneamento mais viáveis do Brasil, segue em ritmo acelerado para ampliar os serviços de esgoto nos 68 municípios atendidos pela empresa.

Somente com recursos próprios da empresa foram aplicados R$ 690,5 milhões na expansão da rede de coleta de esgoto de 2015 até agora, conforme relatório divulgado recentemente.

O documento destaca ainda que em parceria com o governo federal, a Sanesul investiu R$ 34,2 milhões em obras de fornecimento de água e R$ 289,1 milhões em esgoto.

Outros investimentos totalizam R$ 58.304.586,37, ao longo dos dois mandatos da atual administração estadual.  

Apenas para se ter uma noção de como a rede de esgoto doméstico avança nos municípios, Três Lagoas atingiu 99% da área de cobertura, o que representa a universalização do setor. Da mesma forma, Alcinópolis está com o mesmo percentual.

A cidade turística de Bonito, um dos cartões postais do Estado, chegou aos 96,45% da área de cobertura, enquanto que Ponta Porã tem 94,46% e Porto Murtinho, 92,22%.

Dourados, a segundo maior cidade sul-mato-grossense, possui 85,72% de cobertura.

Desta forma, enquanto o Brasil está longe de ter esse serviço universalizado, já que menos da metade do esgoto gerado no país é tratada, Mato Grosso do Sul desfruta do privilégio de ser o primeiro estado da federação a se antecipar a meta fixada em lei.

Para o diretor-presidente da empresa, Walter Carneiro Júnior, esses investimentos impactam diretamente na saúde e no bem-estar das pessoas.

“Os benefícios são incalculáveis, porque, além de garantir melhor qualidade de vida para as famílias sul-mato-grossenses e preservar o meio ambiente, o setor de coleta e tratamento de esgoto tem um efeito multiplicador na economia”, pontua o dirigente.

Fonte: Assessoria de Comunicação da Sanesul / Foto: Chico Ribeiro (ETE de Nova Alvorada do Sul)

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Bonito vai ampliar divulgação do destino nos países que compõe a Rota Bioceânica

Depois de participar do 2º Fórum Internacional do Corredor Bioceânico, realizado de 20 a 25 de novembro em Antofagasta (Chile), o prefeito de Bonito, Josmail Rodrigues, está convicto de que Mato Grosso do Sul, e em especial o ecoturismo local integrado com o Pantanal, vai atrair milhares de visitantes paraguaios, argentinos e chilenos. O maior destino de ecoturismo do Brasil sai na frente e vai ampliar as estratégias de promoção nesse novo nicho de mercado.

Em janeiro de 2023, Bonito participa de uma feira de ecoturismo em Santiago, capital do Chile, e a ideia, segundo o prefeito, é direcionar parte da campanha de marketing e promoção em eventos também no Paraguai e na Argentina, com o apoio da Fundação de Turismo do Estado (Fundtur-MS). “A expectativa é muito grande, percebemos que esses países vão descobrir as nossas belezas e o fluxo de turistas latinos vai aumentar consideravelmente”, disse.

Prefeitos do MS aproveitaram o evento no Chile para divulgar o turismo do Estado

Josmail participou das discussões bilaterais na comissão de turismo do fórum e acredita que a formatação de roteiros integrados entre os quatro países vai se alinhar na medida em que o Paraguai conclua a pavimentação da Ruta 15 (faltam 220 km entre Loma Plata e a fronteira com a Argentina) e a área alfandegária crie medidas para facilitar o ir e vir das pessoas. “A questão aduaneira é crucial, hoje opera muito lenta, principalmente na Argentina e no Chile”, apontou.

Menos burocracia

O prefeito bonitense foi questionado nas reuniões da comissão sobre a experiência de cruzar a rota de carro, de Porto Murtinho a Antofagasta, integrando a delegação de onzes chefes do Executivo municipal. “Eu falei que a Bioceânica está se concretizando na parte de infraestrutura, em dois anos vamos ter a ponte sobre o Rio Paraguai, e acreditamos no potencial turístico. Mas, precisamos melhorar muito o sistema de controle migratório nas fronteiras”, disse.

Distante apenas 220 km da fronteira com o Paraguai, em Porto Murtinho – município considerado o portal do corredor -, Bonito está preparada pra receber os turistas latinos, segundo o prefeito. O destino já é visitado pelos vizinhos do Brasil, mas o fluxo ainda é pouco expressivo. Durante o fórum, os representantes paraguaios, argentinos e chilenos manifestaram interesse em criar rotas integradas e atrair também os brasileiros.

Atrativo da Rota Bioceânica, Deserto do Atacama recebe 2 milhões de turistas por ano

Josmail Rodrigues levou ao Chile material de divulgação de Bonito e pessoalmente distribuiu a folhetagem, além de exibir na plenária um vídeo sobre o destino. Liderando a caravana que foi ao Chile, o prefeito de Porto Murtinho, Nelson Cintra, também apresentou o potencial turístico de sua cidade e da região durante os pronunciamentos que realizou durante o encontro. Falou da pesca esportiva e citou o ecoturismo com destaque para a observação de aves.

Pontos de apoio

Presente ao fórum, o coordenador-geral de Mobilidade e Conectividade Turística do Ministério do Turismo, Matheus Ribeiro Linhares, considera a Rota Bioceânica estratégica para expansão do turismo rodoviário de proximidade, potencializando destinos como Bonito, Jardim e Porto Murtinho e as cidades que se localizam ao longo do trajeto em direção ao Pacífico, como Loma Plata e Filadelfia (Chaco Paraguaio), Salta e Jujuy (Argentina) e o Deserto do Atacama (Chile).

“Diferente do aéreo, o viajante das estradas, seja de carro, ônibus ou caravanismo, vai querer conhecer localidades próximas de onde está, e o corredor é integrado por uma rede de atrativos naturais e culturais que se apresentam a um raio de 350 quilômetros”, observou. “E não serão apenas os municípios que fazem parte da rota que serão beneficiados, justamente por esse fator” completou, referindo-se às cidades situadas no Pantanal sul-mato-grossense.

Antofagasta, destino final da Rota Bioceãnica, que sediou o Fórum que discutiu os avanços e necessidades de melhoria do projeto

Segundo Linhares, o fórum realizado em Antofagasta avançou na parte da governança do turismo, com os países mapeando as oportunidades de negócios e já se discute a criação de uma identidade visual para a rota. Ele destacou que a partir de 2023 as reuniões da comissão serão mais frequentes. “A expansão dos serviços é necessária, como a questão das moedas, e pontos de apoio ao turista, que vai querer viajar para esses destinos de carro”, observou.

Fonte: Subsecretaria de Comunicação – Subcom / Fotos do destaque: Breno Teixeira (Balneário de Bonito)
Fotos internas: Sílvio de Andrade

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“Os indígenas são 5% da população mundial e protegem 80% do meio ambiente”, ressalta acadêmico da UEMS na Cop27

O acadêmico da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Jânio Avalo, da etnia Kaiowá, participou da COP 27 – Conferência das Partes, dos dias 6 e 18 de novembro de 2022 em Sharm El Sheikh, no Egito. A COP-27 é o evento mais importante e o maior já realizado sobre o tema das mudanças climáticas.

O estudante do 4º do curso de História da UEMS, em Amambai, mora na Aldeia Limão Verde, e participou de várias mesas de discussões durante a conferência do clima das Nações Unidas. Ele relata que tiveram muitas pautas, principalmente a da juventude sobre as relações climáticas, onde se falou que o Brasil também é um dos maiores transportadores de mercadorias para Europa e a maioria dessas mercadorias estão nos territórios indígenas.

“Disse para o mundo que nós indígenas somos 5% a nível global e também protegemos 80% do meio ambiente. Levamos também a questão de que a presença dos povos indígenas é necessária para o equilíbrio do mundo”, ressaltou Jânio Kaiowá, como é conhecido.

Essa não foi a primeira experiência internacional de Jânio Kaiowá, ele já participou duas vezes de conferências na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, e também em Nova York.  Ele faz parte da liderança indígena de Mato Grosso do Sul, sendo membro da coordenação da Aty Guasu (Grande Assembléia Kaiowá) e da Redde Jóvenes.  “Eu também faço parte da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), onde nós também levamos para o mundo, que nós povos indígenas sempre lutamos para garantir a questão do meio ambiente, porque a gente faz parte do meio ambiente, e dizer para o mundo que para a solução climática sem a presença dos povos indígenas seria nada”, enfatizou o jovem.

Fonte: Comunicação UEMS

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Preconceito atrapalha debate sobre Cannabis medicinal, diz historiador

Na avaliação do historiador Jean Marcel Carvalho França, os debates sobre a legalização da Cannabis medicinal têm avançado pouco no Brasil por causa de preconceitos.

França, que é professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e autor do livro História da Maconha no Brasil (Editora Jandaíra), lembra que se construiu no passado a visão negativa da Cannabis como uma droga de pessoas pobres e negras que leva à vadiagem, a transtornos psíquicos e a comportamentos criminosos. Esse estigma impulsionou o proibicionismo e permanece, ainda que cada vez menos, diz França, prejudicando os doentes que precisam das substâncias terapêuticas da erva.

— A maconha ajuda a financiar o crime organizado e está ligada à violência. Nas discussões a serem feitas, é preciso mostrar que se pode, sim, retirar a Cannabis do circuito do crime. Quando há plantio legalizado, controlado e com fins medicinais e científicos, o tráfico perde terreno, e a vida de doentes, médicos e pesquisadores fica mais fácil — afirma o historiador.

No Brasil, não há regulamentação para o plantio da erva e a produção de medicamentos, atividades que não são autorizadas. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) libera a importação controlada de remédios a partir de pedidos de pacientes.

No Senado, onde tramitam projetos de lei que tratam do tema, a Cannabis medicinal divide opiniões. Para o senador Eduardo Girão (Podemos-CE), “a liberação do plantio significaria uma porta aberta para que o mercado bilionário da maconha recreativa crie tentáculos no Brasil”.

Para o senador Flávio Arns (Podemos-PR), a regulamentação é urgente, para que as pesquisas avancem e os doentes sejam beneficiados. A senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP) entende que “o Brasil não pode ir na contramão de 40 países que já legalizaram a Cannabis medicinal”.

Estudos científicos mostram que substâncias da Cannabis amenizam dores, inflamações, náuseas, falta de apetite, descontrole muscular, transtornos psiquiátricos e crises epilépticas. Beneficiam-se dela, por exemplo, pacientes de Parkinson, Alzheimer, esclerose múltipla e depressão. Embora não curem as doenças propriamente ditas, as substâncias aumentam a qualidade de vida das pessoas.

Em outubro, o Conselho Federal de Medicina (CFM) baixou uma norma estabelecendo que os médicos podem receitar esse tipo de medicamento só para dois tipos de epilepsia e nenhuma outra doença. Diante do protesto de doentes, o CFM decidiu suspender a norma e ouvir sugestões da sociedade até dezembro para redigir uma nova regra. O senador Confúcio Moura (MDB-RO) apoiou o protesto das famílias e a decisão do CFM de reabrir consulta pública.

Leia, a seguir, a entrevista do historiador Jean Marcel Carvalho França.

Jean Marcel Carvalho França, professor da Unesp e autor de um livro sobre a história da maconha no Brasil (foto: arquivo pessoal)

Como o senhor vê a criação de regras a serem seguidas pelos médicos na prescrição da Cannabis terapêutica?

Jean Marcel Carvalho França — A regulamentação, no meu entender, é necessária. Neste momento, a sensação é a de que a Cannabis medicinal é uma poção mágica capaz de resolver todos os problemas de saúde. Médicos, inclusive com consultas pela internet, estão receitando a Cannabis para resolver os problemas mais diversos, de dor muscular a insônia. A coisa saiu do controle. É mais ou menos como acontece com os antidepressivos, que vêm sendo receitados a torto e a direito por médicos de qualquer especialidade, até mesmo por ginecologistas.

Imagino que uma ala conservadora da classe médica, ao ver a corda sendo esticada demais para um lado, ficou apavorada e resolveu puxá-la para o outro com força. Há uma tensão, que só será resolvida quando o tema for discutido a fundo.

O problema é que, no Brasil, a discussão geral sobre a Cannabis medicinal não tem sido objetiva e pragmática e não tem avançado muito. Há demasiado achismo e empirismo grosseiro. Faltam estudos sérios sobre o impacto na saúde. Recorre-se a preconceitos, a pensamentos estabelecidos, que são tomados como dados. Isso tudo atrapalha. Ao contrário do Brasil, países como o Canadá e os Estados Unidos fizeram discussões sérias e técnicas antes de liberar, por meio de lei, o uso medicinal da Cannabis.

Por que se recorre a preconceitos? De que forma a história da Cannabis no Brasil ajuda a entender a situação atual?

França — Na Colônia e no Império, a maconha era um hábito das classes baixas, incluindo os escravos, enquanto o tabaco era um hábito das classes altas e a aguardente era um hábito generalizado. Por estar restrita às camadas mais pobres, a maconha não virou uma preocupação social relevante. Tanto é assim que se produziu pouca documentação nessa época sobre a Cannabis. Até hoje não sabemos, por exemplo, se ela foi trazida para o Brasil por marinheiros portugueses que haviam passado pela Índia ou por escravos africanos.

No máximo, o que houve na época foi uma ou outra lei local tentando restringir o consumo sob o argumento de que a maconha atrapalhava o rendimento do trabalho dos escravos. Não se tratava de uma questão moral. Esse tipo de lei, contudo, teve pouco efeito prático. No fim do século 19 e no início do século 20, os chamados cigarros índios, contra a asma, eram vendidos livremente em farmácias, e a Cannabis in natura era oferecida em feiras e herbanários.

Fazia parte da cultura popular o seu consumo, inclusive na forma de chá, para aliviar dores, ajudar no sono, acalmar os nervos etc. Idosos cultivavam a planta no quintal de casa e exaltavam suas virtudes digestivas.

Lei municipal de 1830 proíbe a venda no Rio de Janeiro do “pito do pango”, como o cigarro de maconha era chamado (imagem: reprodução)

Quando a Cannabis se transformou em problema?

França — A preocupação vem das décadas iniciais da República, quando surgiu o medo de que os hábitos dos grupos pobres, em especial dos afrodescendentes, subissem na pirâmide social, se disseminassem e “degenerassem” as classes médias e altas. A elite fez, então, um enorme esforço para impedir que a maconha se transformasse num “vício elegante”.

Psiquiatras, pedagogos, juristas e autoridades policiais da Primeira República deram início a uma campanha contra a Cannabis, relacionando-a à vadiagem, à marginalidade, à violência e até a perturbações psíquicas.

O problema é que os estudos que inspiraram tais juízos eram muito frágeis. As pesquisas eram feitas, por exemplo, em presídios. Quando se consideram apenas prisioneiros, é óbvio que necessariamente se aponta uma conexão entre a maconha e a criminalidade. Os estudos não abrangiam um universo muito amplo. Era tudo muito impreciso, mas era o que se tinha à mão.

Foi assim, sem que se cobrassem maiores explicações ou demonstrações, que o estigma da maconha surgiu e se instalou no imaginário popular. O que era hábito gradativamente virou vício.

A preocupação com a maconha não era internacional?

França — No início do século 20, a droga que gerava preocupação era o ópio, em especial na França, na Inglaterra e nos Estados Unidos, países que clamavam por uma legislação internacional para reprimir o consumo e o tráfico. Numa conferência da Liga das Nações sobre o tema, o Egito argumentou que o haxixe, um derivado da Cannabis, deveria ser incluído nas discussões, já que esse era o real problema em seu território. A ideia ganhou o imediato apoio do Brasil e dos Estados Unidos e foi aprovada. Foi só então que a Cannabis se tornou uma questão internacional.

Em 1921, antes da conferência, um decreto assinado pelo presidente Epitácio Pessoa sobre “drogas venenosas” não incluiu a maconha. Em 1932, depois da conferência, Getúlio Vargas baixou um decreto enquadrando a Cannabis como “substância tóxica entorpecente”. Até mesmo o uso da fibra do cânhamo na fabricação de tecidos e cordas foi banido. Aí teve início a proibição sistemática.

Anúncio de cigarros de maconha publicado na Gazeta de Notícias, do Rio de Janeiro, em 1881 (imagem: Biblioteca Nacional Digital)

A campanha da primeira metade do século 20 contra a Cannabis teve sucesso?

França — Sim. Por um bom tempo, a Cannabis se manteve como um vício das classes baixas do Brasil, restrita às periferias, favelas e zonas portuárias, onde continuou sendo corriqueira, fazendo parte do dia a dia das pessoas. A campanha conseguiu criar nas classes mais altas uma aversão à maconha. Isso, inclusive, ajudou a esvaziar as pesquisas sobre o potencial terapêutico da Cannabis.

A maconha só passou a ser consumida pelas classes médias e altas nos anos 1960, com a chegada da contracultura e do movimento hippie ao Brasil. Não foi a partir das classes baixas que a Cannabis se disseminou, mas, sim, a partir da influência dos jovens europeus e norte-americanos. O sentido da maconha passou a ser outro. Os jovens começaram a consumi-la para ter uma “iluminação”, diferentemente dos pobres, que, como sugeria Gilberto Freyre, só buscavam descansar e relaxar depois de um dia duro de trabalho.

Logo adotou-se o tom alarmista de que a juventude estava sendo consumida pela maconha. A imagem do maconheiro gerava pânico nas famílias, nas escolas e nas autoridades. Naqueles tempos da Guerra Fria, dizia-se que a droga era parte de um complô mundial do comunismo para cooptar mais facilmente os jovens. Ao mesmo tempo, a esquerda argumentava que a maconha era um instrumento de alienação burguesa que impedia a juventude de enxergar os conflitos sociais.

Nos anos 1970, porém, a maconha passou a ter a concorrência da cocaína, que produz impactos muito mais significativos sobre os indivíduos que a consomem e sobre a sociedade. A cocaína trouxe consigo a violência em larga escala e enormes quantidades de dinheiro, dando uma nova dimensão ao narcotráfico e à criminalidade. Com o passar do tempo, por causa da cocaína, o estigma da maconha perdeu força, pondo em questão os supostos impactos do seu consumo sobre a saúde física e mental dos indivíduos.


O estigma da Cannabis é menor hoje do que era no passado?

França — Há, sem dúvida, uma tolerância bem maior. Pessoas das classes médias e altas convivem diariamente com gente do mesmo espectro social usuária de maconha e percebem que aquela relação obrigatória entre Cannabis, vadiagem, marginalidade, violência e perturbações psíquicas não corresponde à realidade. Muitos atletas defendem o uso de derivados da Cannabis para combater dores musculares.

Enfim, a imagem atual do usuário de maconha não é a antiga imagem do maconheiro, do jovem delinquente que entra no mundo do crime para sustentar o seu vício. Há, naturalmente, reminiscências disso, mas cada vez menos.

É interessante notar que, enquanto a maconha esteve restrita às classes baixas, vigorou a repressão e que, assim que o seu consumo ganhou as classes médias e altas, gradativamente surgiu um discurso que apela à tolerância.

Rio de Janeiro – Ativistas caminham na orla de Ipanema de em direção ao Arpoador, em defesa da regulamentação, comercialização e do uso terapêutico e recreativo da maconha (Isabela Vieira/Agência Brasil)

De todo modo, a maconha é uma droga ilegal e seu tráfico envolve criminosos.

França — Sem dúvida. A maconha ajuda a financiar o crime organizado e está ligada à violência. Nas discussões a serem feitas, é preciso mostrar que se pode, sim, retirar a Cannabis do circuito do crime. Quando há plantio legalizado, controlado e com fins medicinais e científicos, o tráfico perde terreno. Existem muitos pacientes que precisam da Cannabis em seus tratamentos e que, dadas as restrições atuais no Brasil, acabam recorrendo ao tráfico. Com a legalização, a vida de doentes, médicos e pesquisadores fica mais fácil.

Mas há algo que precisa ficar claro para todos: a legalização, mesmo a do uso recreativo, é um remédio ineficaz para acabar com a criminalidade entre os jovens e o seu encarceramento. É pouco provável que os envolvidos no comércio ilegal migrem para o legal. Isso não vai acontecer.

É uma ilusão acreditar que a legalização da Cannabis resolveria os problemas nacionais relativos à violência. Até mesmo porque, dentro do narcotráfico, a maconha ocupa um papel menor, por exigir grandes quantidades da planta, propiciar lucros bem menores do que os da cocaína e as drogas sintéticas e, ainda, enfrentar a concorrência dos plantadores de chácara e quintal. Assim como a Cannabis não é uma poção mágica capaz de curar um número desmedido de doenças, a legalização tampouco é a solução para a criminalidade no Brasil.

Por que o debate sobre a Cannabis medicinal avança pouco no Brasil em comparação com outros países?

França — Faltam à sociedade tanto o interesse quanto subsídios para uma discussão mais detida.

Os jargões não ajudam muito: a “guerra às drogas” fracassou ou a “descriminalização das drogas” é a única saída. “Drogas” é um termo que pode envolver tanto a maconha quanto a cocaína e o crack, por exemplo. Quando se fala em “descriminalização das drogas”, as pessoas podem imaginar que se trata de liberar tudo e que as cidades brasileiras vão se transformar em uma Seattle, com aquelas ruas de drogados, ou que o Brasil vai virar um narcoestado. Quanto à “guerra às drogas”, termo cunhado nos Estados Unidos, o seu alvo é a cocaína, e ela está longe de ter fracassado. A fala genérica é nociva para o debate. É importante particularizar a discussão e mostrar que a maconha tem suas especificidades.

De qualquer forma, no debate público é preciso entender a angústia e o medo das pessoas. É preciso dar a elas informações para que possam decidir com mais segurança.

Eduardo Girão, Flávio Arns, Mara Gabrilli e Confúcio Moura, senadores atuantes no debate sobre a Cannabis medicinal (fotos: Agência Senado)

A quem cabe despertar o interesse da sociedade?

França — Aos grupos interessados em regulamentar a Cannabis, como os doentes que recorrem a ela para aliviar o seu sofrimento, as empresas que têm interesse em explorá-la, como as de medicamentos e cosméticos, e usuários em geral. Os lobbies sociais e comerciais, que são legítimos, precisam fazer pressão sobre os políticos e conquistar a opinião pública.

Acredito que será difícil convencer quem é contra recorrendo a agressões, chamando o oponente de “intolerante”, “ignorante” ou “reacionário”. Ninguém conquista aliados por meio da ofensa. É necessário promover um debate amplo e esclarecedor.

Deve-se considerar que a Cannabis está arraigada no Brasil e que, goste-se dela ou não, é impossível erradicá-la. Diante disso, o que a sociedade deve fazer? No meu entender, ela precisa ser pragmática, recorrer a estudos científicos, verificar se a maconha afeta mais ou menos a saúde individual e coletiva do que o álcool, o tabaco, a cocaína etc., pesar os prós e os contras e propor caminhos.

Neste momento, a questão está muito ideologizada: supostamente a esquerda é a favor e a direita é contra. Isso está longe de ser uma verdade absoluta. Nos Estados Unidos em 2016, estados que votaram em Donald Trump aprovaram a legalização da Cannabis. Há grupos liberais que apoiam a descriminalização da Cannabis por entender que o consumo ou não é uma escolha do indivíduo, com impactos sociais brandos, e que o Estado não deve intervir.

De qualquer modo, esse é um assunto que atualmente aparenta não despertar interesse no Brasil. O país está convulsionado e tem problemas bem mais urgentes para resolver. Cabe aos lobbies sociais e comerciais a árdua tarefa de pôr o assunto em pauta e levá-lo ao Executivo e ao Legislativo. E será a própria sociedade que, depois de um debate amplo, decidirá o que fazer. Como um tema delicado e complexo, qualquer decisão saída da canetada de algum burocrata sem a devida chancela da opinião pública seria uma tragédia.

Fonte: Agência Senado