Rafael Nadal está fora de Roland Garros. O espanhol 22 vezes campeão em Grand Slam anunciou nesta quinta-feira sua desistência do torneio de Paris, entre 29 de maio e 11 de junho. O atual número 14 do mundo do tênis não se recuperou da lesão do quadril e não vai defender seu título na principal competição de saibro do Circuito Mundial da ATP. Aos 36 anos, Nadal evitou estabelecer uma data de retorno às quadras, mas afirmou que pensa em disputar em 2024 sua última temporada.
– Estou aqui para mandar essas três mensagens, que não vou estar em Roland Garros, que não vou jogar durante uma série de meses e minha intenção, não sou muito fã de prever o futuro como sabem aquele que já me conhecem, porque as coisas a gente não sabe como podem sair, mas a minha intenção é que o ano que vem seja meu último ano. Quero poder me despedir dos torneios que marcaram minha carreira ao longo de todos esses anos – disse o tenista, em entrevista coletiva.
Maior vencedor de Roland Garros, com 14 títulos de simples, Rafael Nadal não entra em quadra desde 18 de janeiro, quando foi eliminado na segunda rodada do Australian Open. Ele vinha recusando convites para torneios desde então. Vai ser a primeira vez desde 2005 que o espanhol não vai estar na chave principal do Grand Slam de Paris.
– Preciso colocar um ponto no que é a minha carreira esportiva. E o que eu vou fazer é tentar preparar meu corpo durante os próximos meses. Não vou colocar uma data de retorno, minha intenção é quando me sinta preparado fisicamente. E suponho que quando isso ocorra mentalmente estarei preparado. Poderia ser um objetivo tentar chegar a final do ano e tentar jogar a Copa Davis. E tentar encarar o ano que vem da forma que eu acredito, no que deve ser meu último ano. Este seria meu objetivo, parar para tentar encarar provavelmente o último ano da minha carreira esportiva ao menos com a garantia de poder aproveitar (a despedida) – disse o tenista.
Nadal afirmou que está vendo evolução na sua recuperação, mas ainda vai precisar de alguns meses para retomar a condição física para o tornar competitivo. Ele sofreu com lesões nos últimos anos, chegou a abandonar Roland Garros em 2016 na terceira rodada, mas pela primeira vez em 18 temporadas não vai estar no Grand Slam de Paris.
– Foram anos complicados ainda que algumas vitórias tenham mascarado isso muitas vezes. Mas a realidade é outra no dia a dia, por isso é importante colocar um ponto nisso. E nesse sentido é o que eu faço agora, depois de ter perdido esses últimos meses me esforçando ao máximo para me recuperar. Não foi possível e sigo sem estar preparado para jogar no nível que necessito – disse Nadal.
Na semana passada, Nadal apareceu em um vídeo nas redes sociais com as mãos no joelho enquanto treinava. O jogador estava com uma forte expressão de dor. O tenista deixou de jogar o Masters 1000 de Roma, de Madri, Indian Wells, Miami, Monte Carlo e Barcelona nesta temporada.
Principais tópicos da coletiva de Nadal
Acredita que pode voltar a ganhar um Grand Slam?
Se vou voltar a ser competitivo, para lutar para ganhar um Grand Slam, eu não sei. Não sou uma pessoa irracional. Sei a dificuldade da situação, mas por que não? Também não sou uma pessoa negativa. Vou tentar me dar a oportunidade de voltar a competir. Como eu disse, deve ser meu último ano. Depois nunca sabemos o que vai acontecer. Mas vou tentar que meu último ano não seja apenas de turnê. Quero competir no mais alto nível e tentar ganhar esses torneios (Grand Slam). Vou lutar para isso, mas temos de esperar para isso.
Sobre o processo da decisão de parar em 2024
Você se escuta e vai entendendo que é um processo de aceitação, de honestidade consigo mesmo. Não são decisões dramáticas. Tudo tem um final, esportistas, artistas, atores, todas as pessoas em algum momento da vida. Se acaba uma etapa da vida. Creio que desfrutei bons momentos, que jamais poderia sonhar viver. Vou começar outra etapa da vida, que vai ser diferente, mas não tem por que ser menos feliz. Essa é a realidade. Aceitar as coisas com naturalidade. Acho que nos próximos meses vou poder desfrutar de coisas que não pude nos últimos 20 anos, um pouco de liberdade com os horários. Tudo para que esse meu último ano (em 2024) seja especial. Se meu corpo responde, tenho fé que poderei fazer algo que valha a pena o esforço.
Sobre repensar aposentadoria caso retome a melhor forma física
É difícil me imaginar nessa situação, porque não sou uma pessoa iludida. Sou uma pessoa positiva, mas não iludida. Difícil imaginar com os problemas que meu corpo teve nos últimos anos que haja uma mudança de tendência do meu corpo e como magia ele esteja perfeita. Disse antes de tudo que minha intenção é essa. O que pode acontecer no futuro, não posso prever. Tudo é possível nessa vida, mas é improvável.
Sobre acompanhar Roland Garros de longe
Não sei como vai ver a sensação, porque nunca vivi isso. Não vi de longe nenhuma vez. Em 2016 vi a partir da terceira rodada. Vi tudo de Mallorca. É uma faceta mais da vida. Vou ver como todo mundo vê. Não vou ver todo jogo, mas vou ficar feliz em acompanhar.
Sobre elogios de Novak Djokovic
Me parece lógico quando sou o atual campeão do torneio. É a realidade. Sou a pessoa que mais vezes ganhou ali. A história que esse torneio tem comigo. São muitos anos de grandes resultados. É lógico que as pessoas esperam que eu volte. E entendo o Djokovic, porque no sentido histórico é o confronto mais vivido do tênis. Eu vivi as duas rivalidades. Primeiro com Federer, depois veio o Novak. Entendo que me considere seu maior rival.
Sobre Roland Garros ter sucesso sem Nadal
Minha fala não vai mudar. Como há alguns anos quando Novak não pôde jogar o Australian Open. Torneios duram para sempre. Jogadores jogam e partem. Roland Garros vai ser sempre Roland Garros, comigo ou sem mim. Vai ser um campeão de Roland Garros. Não vai ser eu, vai ser outro. A vida é assim. Com certeza o torneio vai ser um sucesso mesmo sem mim. Tudo de melhor para Roland Garros.