A 13ª edição do Drive-Thru da Reciclagem acontece a partir desta quinta-feira (21) até sábado (23), das 9h às 18h no estacionamento do Bioparque Pantanal, em Campo Grande. O evento tem objetivo de conscientizar a população sobre a importância do descarte correto do resíduo e da adoção de práticas sustentáveis.
O evento também terá um ambiente voltado à arrecadação de doações, onde poderão ser entregues roupas, calçados, alimentos não perecíveis e outros itens em boas condições de uso. Todo o material arrecadado será destinado às famílias em situação de vulnerabilidade social.
Uma píton albina (Python bivittatus) fêmea, com 2,5 metros de comprimento, ganhará uma nova oportunidade de vida no Bioparque Pantanal. O animal exótico será o mais novo habitante do maior circuito de aquários de água doce do mundo nos próximos dias. Uma enquete para a escolha do nome do animal será lançada na página oficial do Instagram do empreendimento.
Impossibilitada de retornar à natureza em razão da perda das suas defesas naturais e por se tratar de um animal exótico, a píton terá um papel importante na educação ambiental, voltado para estudantes e o público em geral, como explica a diretora-geral do Bioparque Pantanal, Maria Fernanda Balestieri.
“O Bioparque desempenha um papel primordial na Educação Ambiental e na conservação da biodiversidade, alinhando-se ao conceito moderno de aquários e zoológicos”, frisa a diretora. Ainda segundo ela, “as serpentes despertam grande curiosidade na população e têm um papel fundamental na ciência, na preservação do meio ambiente e no controle populacional de outras espécies”.
A píton foi resgatada pela PMA (Polícia Militar Ambiental) em um circo no município de Amambai, onde era usada como atração circense até 2023. O uso de animais em apresentações é proibido no estado de Mato Grosso do Sul, conforme a lei estadual nº 3.642/2009.
Considerada uma das maiores espécies de serpentes do mundo, a píton pode atingir até oito metros de comprimento e pesar 100 kg na fase adulta. A espécie é originária do continente asiático e é considerada exótica no Brasil, ou seja, não pertence à fauna local.
Essas serpentes habitam florestas tropicais úmidas, manguezais e planícies alagadas em países como Bangladesh, Camboja e Laos. Apesar de suas grandes dimensões atuais (2,5 metros de comprimento e 8 kg), a píton do Bioparque Pantanal é considerada jovem, com idade estimada em três anos, e pode viver até 30 anos.
Recinto
Para garantir o bem-estar do animal, o recinto foi projetado de acordo com as normas do IBAMA, incluindo substrato adequado, plantas, toca, aquecedor, umidificador, pedra aquecida, lâmpadas uva e uvb e uma área úmida que simula o ambiente natural da espécie.
Recinto irá garantir bem-estar do animal. Foto: Lara Miranda
“A píton não pode ser reintegrada à natureza por se tratar de um animal exótico (originário do sudeste asiático) e por ter passado por um processo de domesticação, o que fez com que perdesse os estímulos selvagens. Nosso trabalho no Bioparque Pantanal é garantir os mais altos níveis de bem-estar animal, proporcionando um ambiente que atenda às necessidades ambientais, fisiológicas e comportamentais da serpente. Mesmo sendo domesticada, buscamos estimular seus comportamentos naturais”, explicou Carla Kovalski, bióloga-chefe do Bioparque e responsável pelo setor de bem-estar animal.
Enquete para escolha do nome
Para comemorar a chegada da nova moradora, o Bioparque Pantanal convida o público a participar de uma votação em sua página oficial no Instagram para escolher o nome da serpente. A enquete estará disponível para votação neste domingo. As três opções de nomes, são inspirados em personagens da literatura brasileira: Capitu, Iracema e Paraguaçu.
Capitu (Maria Capitolina de Pádua Santiago) é uma personagem do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis. Ela é descrita como uma mulher enigmática, complexa e marcante.
Iracema é a protagonista do romance homônimo de José de Alencar. Iracema, uma indígena da etnia Tabajara, simboliza a união entre o mundo indígena e o colonizador europeu.
Paraguaçu é uma personagem histórica presente no poema épico Caramuru, de Frei José de Santa Rita Durão. Filha do cacique Taparica, Paraguaçu representa a aliança entre indígenas e europeus durante o processo de colonização.
As chuvas na região do Pantanal sul-mato-grossense estão acima da média histórica durante todo o mês de outubro, o que contribuiu para o controle dos focos de incêndios florestais em todo o bioma.
Nos primeiros 27 dias do mês de outubro registraram chuvas significativas, e em espacial durante o fim de semana, devido a situação meteorológica favorecida pelo avanço de uma frente fria. Porém, até o dia 15 de outubro, as chuvas estavam abaixo da média, ou seja, o período de maior intensidade ocorreu em apenas 12 dias.
“Houve registros de chuvas significativas recentemente, mudando o cenário de chuvas abaixo da média histórica para acima. Toda essa situação do retorno das chuvas, pode indicar a transição entre o período seco para o chuvoso. Para o próximo mês, os modelos indicam que as chuvas devem ficar dentro a próximo da média histórica”, apontou a meteorologista Valesca Fernandes, do Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima).
A precipitação acumulada em cinco regiões do Pantanal aponta valores acima da médica histórica em três deles. Com média histórica de 76,1 mm – entre 1° e 28 de outubro – a região do São Francisco registrou 148,4 mm, Corumbá registrou 115 mm e Bela Vista do Norte 81,4 mm. Apenas as regiões de Nhumirim – Nhecolândia e Porto Esperança não registraram chuvas acima da média histórica.
Entre quinta-feira (24) e a próxima sexta-feira (1°) há previsão de chuvas com acumulados entre 20 e 90 mm, principalmente nas regiões norte, pantaneira e nordeste do Estado. Já entre os dias 1° e 9 de novembro, há probabilidade para chuvas com acumulados entre 30 e 90 mm.
Além da região pantaneira, outros municípios de Mato Grosso do Sul também registraram altos índices de chuva acumulada nas últimas 96 horas. Em São Gabriel do Oeste foram registrados 133,8 mm, Costa Rica teve 89,8 mm e Corumbá 71,8 mm.
Incêndios
O CBMMS (Corpo de Bombeiros Militar de MS) continua a atuar na região do Pantanal, para controlar e extinguir os incêndios florestais, que tiveram grande redução de focos devido ao aumento da umidade relativa do ar e queda das temperaturas também provocados pelas chuvas.
As equipes continuam empenhadas em diferentes áreas, com monitoramento, e nas localidades onde estão as bases avançadas, continua a vigilância.
Com as chuvas dos últimos dias, todos os focos de incêndio no Pantanal foram controlados, aliado ao trabalho das equipes de combate.
Ainda assim, é feito monitoramento em áreas críticas próximo ao Parque Estadual Pantanal do Rio Negro, Serra do Amolar, Passo do Lontra e Paiaguás, para evitar novos focos de incêndio e garantir a proteção do bioma e da população local.
A estrutura de combate aos incêndios florestais em Mato Grosso do Sul permanece ativa em todos os biomas – Pantanal, Cerrado e Mata Atlântica – e continua a receber reforços das forças de segurança nacional e dos demais estados parceiros.
O mês de setembro é considerado um dos mais intensos e críticos em relação a ocorrência de incêndios florestais, especialmente no Pantanal onde está concentrando grande parte dos esforços de atuação do CBMMS (Corpo de Bombeiros Militar). O Governo do Estado transmitiu as informações dos combates, nesta quinta-feira (12) – ao vivo pela internet (veja na íntegra no final do texto) –, no boletim semanal da Operação Pantanal 2024.
“Estamos enfrentando uma variável que é em relação aos incêndios nos países vizinhos, Bolívia e Paraguai, que acaba atravessando a fronteira. Estamos em várias frentes, inclusive na região do Porto Índio, próximo da aldeia dos guatós, nós temos guarnições de combatendo ali desde sexta-feira (6)”, afirmou a tenente-coronel Tatiane Inoue, diretora de Proteção Ambiente do CBMMS e responsável pelo monitoramento e ações de combate aos incêndios florestais em Mato Grosso do Sul.
Em continuidade ao apoio dos estados do Codesul (Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul) – formado por MS, PR, SC e RS – ao trabalho de combate aos incêndios, nesta quinta-feira (12), militares do Rio Grande do Sul chegaram ao MS – que atualmente também tem o apoio dos bombeiros de Sergipe –, para a troca de guarnições.
“A nossa estrutura continua mobilizada, distribuída com aeronaves, embarcações, viaturas. Agora de manhã, recebemos militares do Corpo de Bombeiros do estado do Rio Grande do Sul, que vieram substituir aqueles que já estavam aqui combatendo. E a gente está na eminência de receber mais reforços de outros estados e da Força Nacional. Então toda essa estrutura continua e está sendo ampliada. Setembro é um mês que comumente concentra mais casos de incêndios florestais e as condições atmosféricas continuam extremamente propensas na propagação do fogo. Nesse momento o cenário é crítico”, disse a tenente-coronel.
Fotos: Álvaro Rezende
Previsão do tempo
Enquanto as ações de combate ganham reforços, a situação climática segue a tendência em relação as altas temperaturas e baixa umidade relativa do ar. “Hoje e amanhã a tendência é de tempo quente e seco, com temperaturas acima da média que podem superar 40°C, 41°C, além de baixa umidade relativa do ar entre 7% e 20%. Persiste o risco elevado para a ocorrência de incêndios florestais”, afirmou a meteorologista e coordenadora do Cemtec (Centro de Monitoramento do Templo e do Clima), Valesca Fernandes.
A previsão é de período de fogo extremo até domingo (15), mesmo com a chegada de uma frente fria. “Entre sábado (14) e domingo (15) a gente tem a tendência de uma frente fria no Estado, que deve provocar aumento de nebulosidade, com probabilidade de chuva e queda de temperaturas. Os índices de umidade relativa do ar vão melhorar bastante, devem ficar entre 50% e 70%. Mas é só um alívio, porque as condições de fogo voltam a ficar favoráveis em seguida”, explicou Valesca.
Com o período de seca estabelecido desde o início do ano, que tecnicamente é a época chuvosa, a situação climática em MS é extrema, com seca severa em diversas regiões, além da estiagem que persiste e dificulta o combate aos incêndios florestais em todos os biomas.
Todas estas condições aliadas provocam fenômenos que chamam a atenção nas cidades e no campo, como o céu alaranjado e a névoa de fumaça que encobre áreas urbanas. “Imagens de satélites mostram a fumaça encobrindo o país e outros países vizinhos. Isso é provocado pela corrente de vento que transporta calor e fumaça por vários quilômetros. Essa fumaça misturada com a poeira, que a gente chama de material particulado, é o que piora a qualidade do ar. Amanhã a situação deve piorar. E nos próximos dias, caso a previsão se concretize, pode contribuir para a ocorrência de chuva preta”, afirmou a meteorologista.
Defesa Civil
Fotos: Defesa Civil
A Defesa Civil Estadual inicia no domingo (15) a segunda etapa da ação de assistência humanitária aos ribeirinhos do Pantanal, que tem previsão de auxiliar aproximadamente 3 mil pessoas que vivem em diferentes regiões do bioma, em 12 operações que tiveram início em agosto e seguem até novembro.
“Pela primeira vez a gente está executando essa missão humanitária. Na primeira etapa foram atendidas aproximadamente 450 pessoas no Taquari e no Alto Pantanal. E agora a segunda etapa começa a partir do dia 15, com aproximadamente mais 450 famílias que vão ser atendidas. Já distribuímos mais de 20 mil litros de água potável, além de alimentos, e oferecemos assistência social e de saúde”, explicou o coronel Hugo Djan, que é coordenador-geral da Cepdec (Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil).
Com baixa umidade relativa do ar, entre 10% e 20%, e uma semana após o registro de dois dias de chuvas em algumas áreas do Pantanal, em Mato Grosso do Sul, nove focos de incêndios florestais estão ativos, oito deles no bioma.
O CBMMS (Corpo de Bombeiros Militar) mantém o trabalho de controle e extinção das chamas na região de Miranda – próximo ao Salobra até a BR-262 –, Serra do Amolar, Paiaguás, Passo do Lontra – na Estrada Parque –, Forte Coimbra, Porto da Manga, além de dois focos localizados na divisa com o Mato Grosso. Também está ativo um incêndio na região de Naviraí, próximo à divisa do Paraná.
Ontem (13), foi realizado um voo de helicóptero sobre toda a área afetada, desde a região da Nhecolândia até as proximidades da fazenda Novo Horizonte. Em Miranda, nas proximidades da região do Salobra e da BR-262, as equipes continuam a realizar vistorias e inspeções detalhadas em pesqueiros, pousadas e fazendas para identificar e extinguir possíveis fontes de reignição das chamas, como troncos incandescentes e brasas subterrâneas.
Na região próxima à fazenda Novo Horizonte, após enfrentar desafios devido ao difícil acesso, as equipes conseguiram chegar ao local e estão em ação. Os bombeiros e militares da Força Nacional fizeram aceiros e confinaram as chamas numa área de baía seca, e por isso o fogo está controlado.
Uma das áreas de atuação e vigilância constante é onde estão os focos de incêndio que tiveram início na divisa entre Bolívia e Mato Grosso do Sul, e que se expandiram para a Serra do Amolar, pois continuam a avançar para a região do Paiaguás.
Além das equipes atuando nas microrregiões do Pantanal, permanecem mobilizadas unidades adicionais para apoiar o combate aos incêndios florestais em Corumbá – MS, Aquidauana – MS e Campo Grande – MS. Esse reforço é necessário devido ao aumento significativo no número de incêndios em vegetação registrados nos últimos dias.
A situação climática no bioma, em Mato Grosso do Sul, ainda é crítica, pois além da baixa umidade relativa do ar, os ventos continuam com altas velocidades e a chuva registrada na semana passada não foi suficiente para amenizar a questão da seca. A situação mantém um ambiente favorável para a rápida propagação dos incêndios.
O governo da Bolívia solicitou ao Brasil apoio para o combate aos incêndios florestais. No Pantanal, área de fronteira entre os países, a Serra do Amolar foi atingida pelo fogo recentemente. O pedido de ajuda foi enviado à Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e é avaliado pelo Itamaraty.
O pedido da Bolívia consiste no envio de aeronaves para “ataques aéreos a focos de incêndio e para transporte pessoal e de carga”. O governo boliviano também pediu o envio de brigadistas ou bombeiros militares para o controle das chamas em terra.
O Ministério das Relações Exteriores (MRE), por meio do Itamaraty, avalia o pedido de ajuda que já foi formulado. O governo brasileiro não informou quando e se vai atender à solicitação do país vizinho.
O fogo consome o bioma há mais de três meses. Mais 1,5 milhão de hectares foram destruídos pelas chamas, o que deixa um rastro de devastação ambiental e morte de animais. Para se ter uma dimensão, a área completamente destruída representa quase 10% de todo o território pantaneiro no Brasil.
Na última semana, a chegada de uma frente fria zerou os incêndios no Pantanal. Entretanto, especialistas alertam para o fogo subterrâneo, chamado de turfa. Brigadistas e bombeiros seguem em atenção ao combate no bioma.
Fogo na fronteira entre Brasil e Bolívia
Na Bolívia, o Pantanal é chamado de “Chaco”. O encontro dos territórios da maior planície alagável do mundo entre os países ocorre na região da Serra do Amolar, Patrimônio Nacional da Humanidade e santuário da biodiversidade. O foco na fronteira entre os países seguiu ativo até este domingo (11), segundo o Corpo de Bombeiros Militares de Mato Grosso do Sul (CBM-MS).
Antes da frente fria que chegou sobre o Pantanal brasileiro e, consequentemente, na área boliviana, o fogo chegou a consumir grandes áreas da Serra do Amolar na Bolívia. O Instituto Homem Pantaneiro (IHP) alertou para o fogo, que ameaçava o território do bioma no Brasil.
O Brasil e a Bolívia possuem uma faixa de fronteira de mais de 3 mil quilômetros, margeadas do lado brasileiro pelos estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, que abrigam o Pantanal em território nacional.
Nas últimas 48 horas, o sistema do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicou 310 focos de incêndios ativos no país vizinho. No Brasil, foram acumulados 2473 pontos de calor.
Nota do Itamaraty
Leia a nota do Itamaraty na íntegra abaixo:
“O governo da Bolívia solicitou ao Brasil apoio para o combate a incêndios florestais. O pedido, enviado à Agência Brasileira de Cooperação (ABC), consiste no envio de aeronaves de dois tipos – para ataques aéreos a focos de incêndio e para transporte pessoal e de carga -, além de envio de brigadistas e/ou bombeiros militares. O governo brasileiro avalia, juntamente com o governo boliviano, o pedido de ajuda formulado pelo país vizinho”.
O trabalho de combate aos incêndios florestais no Pantanal, em Mato Grosso do Sul, continua em seis áreas com focos ativos no bioma. Mesmo após a chuva, que desde ontem (8) atinge diferentes regiões pantaneiras, as ações de combate e controle das chamas ocorrem na região do Salobra até a BR-262 – próximo ao município de Miranda -, além das regiões de fronteira com a Bolívia, Serra do Amolar, Paiaguás, Passo do Lontra e Estrada Parque.
Também continua em monitoramento o foco de calor identificado por satélite na área do Porto da Manga. “Os bombeiros não vão parar por causa da chuva. Nossas equipes a partir de agora vão trabalhar no rescaldo das regiões que nós estávamos combatendo”, disse o coronel Adriano Rampazo, subcomandante-geral do Corpo de Bombeiros.
“A população acha que choveu, acabou o fogo. Pode ter amenizado, diminuído a fumaça, mas ainda tem muita brasa. Vamos fazer todo o trabalho de rescaldo nos próximos dias”, completa o subcomandante-geral, que também chefia as operações de combate a incêndios no Pantanal.
As ações de combate durante a semana foram concentradas nos focos que tiveram origem no dia 23 de julho, na região da Nhecolândia, após um caminhão atolado pegar fogo e as chamas se espalharem. “O foco principal da semana foi aquele fogo que começou com o caminhão e chegou à rodovia. Montamos uma equipe que desde aguardava a chegada desse fogo e terça-feira ele veio com muita força e até pulou a rodovia”, diz Rampazo, que completa.
“Mas tivemos muito êxito na proteção da população. Conseguimos proteger aquela comunidade toda do Salobra, e as propriedades todas em entorno”.
Com a redução dos focos, provocada pela queda da temperatura e alta da umidade relativa do ar, a atenção agora é com a preparação dos bombeiros para as ações nos próximos dias. “A chuva chegou e agora é aguardar e ver a intensidade dela para a gente montar nossa estratégia futura. O trabalho não vai parar. O que aconteceu da outra vez, choveu, veio frente fria, e com três dias de sol, umidade baixa, o fogo já voltou”, alega o oficial dos Bombeiros.
A chuva, encarada como uma trégua no período – um dos mais intensos para ocorrência de incêndios florestais no Estado – serviu para reorganização das equipes.
“Essa chuva foi muito bem-vinda. Nós estamos encarando com uma trégua para a gente se reorganizar e fazer a manutenção dos nossos equipamentos, pois a tendência é que em setembro ainda encontremos situações parecidas ao que enfrentamos alguns dias”, explica a tenente-coronel Tatiane Inoue, diretora de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros.
Os boletins climáticos do Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo do Clima) apontam que essa massa de ar frio deve permanecer no Estado nos próximos dias, porém, na próxima semana começa a perder força. A partir daí, a tendência é que as condições climáticas com altas temperaturas, baixa umidade relativa do ar e rajadas de vento com velocidades acima de 40 km/h, até mesmo 60 km/h, voltem a persistir no bioma Pantanal.
“As guarnições executam agora o monitoramento e rescaldo, porque mesmo com a chuva pode haver situações de troncos de árvore ainda em brasa, em queima lenta, que deverão ser removidos e algumas vezes enterrados, para evitar que surjam novos incêndios futuramente”, explica Tatiane Inoue, que complementa o raciocínio.
“É uma característica da nossa região o solo de turfa. Isso é um material orgânico que fica em decomposição e que, com a chuva não sendo em grande quantidade, o solo não encharca, ele apenas umidifica e conforme aumenta a temperatura e baixa a unidade relativa do ar, a queima que pode estar lenta no subsolo toma força e acontece as reignições”, conclui Inoue sobre o trabalho minucioso, que envolve até o uso de máquinas para encontrar o fogo subterrâneo.
Com chuva desde a madrugada desta quinta-feira (8), as áreas com incêndios florestais no Pantanal, em Mato Grosso do Sul, tiveram redução da temperatura e em alguns pontos houve o controle e até a extinção das chamas. Nas regiões de Albuquerque, Miranda e Abobral a chuva colaborou para o controle dos focos. Já na fazenda Santa Clara, mesmo com a queda na temperatura e bastante orvalho, o vento continua e é um risco diante da permanência do fogo.
Na fazenda Cáceres a temperatura também caiu e o fogo está controlado. No Nabileque houve queda de temperatura e garoa. O fogo também está controlado na fazenda Tupanceretã, onde um caminhão em chamas provocou o incêndio florestal de grande proporção há duas semanas, atingindo mais de 270 mil hectares. Lá, a temperatura caiu e o tempo está fechado, com indícios de chuva. Uma guarnição do Corpo de Bombeiros ainda atua na região do Porto da Manga.
“Ontem (7) ao meio-dia fez 37,3°C em Corumbá, mas agora [às 10h desta quinta] está 16°C. A última chuva significativa no município aconteceu em 16 de abril, então são praticamente quatro meses de muita seca. Hoje conforme a atualização do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) já são 20 mm acumulados”, explica a coordenadora do Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima), Valesca Fernandes.
Valesca é meteorologista e está à frente do Cemtec, órgão do Governo de Mato Grosso do Sul vinculado à Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) que é responsável pelas previsões do tempo diárias, semanais e prognósticos de períodos maiores – como a previsão já em fevereiro deste ano sobre o longo período de seca que seria enfrentado em todo o Estado, em especial na região pantaneira.
O trabalho do Corpo de Bombeiros na quarta-feira (7) foi amplo, dividido em várias localidades. Uma delas foi a região do Salobra, às margens da BR-262 e entre os municípios de Miranda e Corumbá. Ali, atuaram oito equipes de bombeiros de Mato Grosso do Sul, além dos bombeiros do Paraná que auxiliam na Operação Pantanal 2024.
A área onde as chamas eram mais intensas, ao longo de aproximadamente 15 quilômetros, foi onde os trabalhos se concentraram. Com o auxílio da PRF (Polícia Rodoviária Federal), o tráfego de veículos ficou suspenso em ambos os lados da via. Enquanto bombeiros e equipes do Ibama/Prevfogo atuavam para conter as chamas, a rodovia foi tomada por fuligem e fumaça.
“O incêndio florestal no Pantanal sul-mato-grossense atingiu as margens da rodovia. As nossas equipes fizeram a segurança e o combate. Se você precisar trafegar por aqui, muita atenção. Está extremamente perigoso”, explica a tenente-coronel Tatiane Inoue, diretora de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul.
Os ventos fortes na região, acima de 50 km/h, intensificaram a propagação das chamas. A situação climática extrema impossibilitou a atuação das aeronaves no trabalho.
“Para a proteção das pessoas que trafegam na rodovia foi necessário fazer farias interrupções do tráfego. Fizemos o combate direto, com veículos autotanque e com autobomba tanque florestal”, comenta o capitão do Corpo de Bombeiros, Hamad Pereira, que coordenava as equipes em solo.
A força do vento, altas temperaturas e a fumaça muito densa dificultaram não só o combate ao fogo, mas também a respiração da população e dos combatentes, além da visibilidade.
Fumaça encobrindo o solo e impedindo identificação de locais com fogo (Foto: Natalia Yahn)
Combate aéreo comprometido
Cada vez mais os incêndios florestais se intensificam diante da situação climática, cenário que deve persistir nos próximos meses. Fora isso, a intensificação dos ventos é um fator negativo também para o combate aéreo, dificultando todo o trabalho considerado crucial para as equipes em terra no enfrentamento às chamas, que avançam com mais força.
“Estamos em um período mais crítico. Os meses de agosto e setembro são de estiagem que, nesse ano, a tendência é bem mais severa, com baixa umidade relativa do ar, altas temperaturas e a velocidade do vento acima de 50 km/h”, disse a tenente-coronel.
Inoue completa ainda que além das chamas de atingem a vegetação, a fumaça densa também se torna um elemento de perigo muito grande. “As nossas aeronaves ficam impossibilitadas de efetuar aqueles lançamentos de água nas linhas de fogo, porque a fumaça densa não dá visibilidade para os pilotos. Então, nesse momento, todos os nossos combates estão com a equipe de solo fazendo o combate direto”, conclui a oficial sul-mato-grossense.
“Devido ao vento e o incêndio ao norte de Corumbá, a fumaça acabou condensando. Nestes casos a gente tem que voar mais baixo, reduzido. Os aviões de combate a incêndio, nesse momento, não conseguem voar, ficam em solo diante dessa condição. De todo o período que a gente está aqui, talvez esta quarta foi o pior dia, pois juntou esses fatores de vento, temperatura e essa quantidade de fumaça bastante expressiva”, revela Cassius Marodin, piloto que atua na CGPA (Coordenaria Geral de Policiamento Aéreo).
Tenente-coronel e piloto da PM (Polícia Militar) do Estado, Amador Colletes conta que o combate a incêndio exige voo diferenciado e os fatores citados acabam influenciando no voo.
“A alta temperatura, a densidade e a visibilidade, isso tudo é alterado por questões do fogo. Faz com que o piloto tenha que ter uma atenção redobrada, porque voamos um pouco mais baixo e mais lento. Precisamos tomar cuidado com as aves. Isso gera uma maior preocupação. Nós temos as aeronaves de combate e incêndio, também tem o recurso do ‘helibalde’ quando a gente utiliza o helicóptero. Esse tipo de aeronave facilita para chegar próximo a esses pontos de incêndio”, complementa o piloto da PM de Mato Grosso do Sul.
Trabalho contínuo
Com apoio da Força Nacional e de bombeiros de diversos estados do Brasil, o trabalho de combate aos incêndios já completa 129 dias em Mato Grosso do Sul. “Toda a nossa corporação está voltada às atividades no Pantanal. Solicitamos apoio de outras corporações com especialistas porque a nossa área é muito extensa e de difícil acesso”, diz Tatiane Inoue.
Integrantes da Força Nacional, Corpo de Bombeiros de outros estados, Força Aérea Brasileira, Marinha do Brasil, Exército Brasileiro, PrevFogo/Ibama e ICMBio estão entre as diversas agências que estão atuando ao lado das forças sul-mato-grossenses na força-tarefa da Operação Pantanal 2024. O investimento de Mato Grosso do Sul na estrutura de combate ao fogo no bioma passa dos R$ 50 milhões. Já o Governo Federal liberou recentemente R$ 137 milhões.
Com o controle do único foco de calor ativo, localizado na região do Paraguai Mirim, neste momento não há nenhum incêndio florestal no Pantanal de Mato Grosso do Sul. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (11) durante transmissão ao vivo pela internet (veja na íntegra no final do texto) com atualização de dados sobre o combate ao fogo.
O cenário atual é resultado do trabalho intenso coordenado pelo Governo do Estado envolvendo militares e brigadistas por terra, água e ar, aliado as condições climáticas favoráveis.
“O satélite tem uma base de captura acima de 47ºC, então mesmo não havendo incêndios hoje no Pantanal sul-mato-grossense a gente faz as atividades de monitoramento e rescaldo”, explica a tenente-coronel Tatiane Inoue, diretora de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros Militar, responsável pelo monitoramento e ações de combate aos incêndios florestais em Mato Grosso do Sul.
Trabalho de rescaldo
A preocupação agora é com a queima lenta dentro das áreas queimadas em troncos de árvores, por exemplo. É preciso fazer o rescaldo para evitar a reignição.
“Apesar de uma massa de ar frio ter chegado esta semana favorecendo as condições de combate, diminuindo a temperatura e aumentando a umidade relativa do ar, as nossas equipes combateram os incêndios até a extinção, mas a tendência é que nos próximos dias as temperaturas voltem a se elevar, a umidade relativa do ar diminua e podemos ter mais uma vez uma sequência de incêndios no bioma”, alerta a tenente-coronel.
Ainda durante a live, a coordenadora do Cemtec (Centro de Monitoramento de Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul), Valesca Fernandes, detalhou a previsão e disse que não deve chover nos próximos dias no Pantanal, com exceção da região de Porto Murtinho.
Até sábado o tempo fica firme com sol e variação de nebulosidade com temperaturas entre 11ºC e 23°C. Na semana que vem os termômetros sobem gradativamente atingindo máxima de 34ºC e a umidade fica entre 10% e 30%, ou seja, as condições voltam ser favoráveis aos incêndios.
Todas as regiões do Pantanal seguem em constante monitoramento com uso de drones e pela Sala de Situação em Campo Grande.
Meteorologista Valesca Fernandes
Área queimada
Desde o começo do ano até 9 de julho, 594 mil hectares foram queimados no Pantanal sul-mato-grossense, o que corresponde a 6% do total de 9 milhões de hectares da região pantaneira no Estado.
O aumento chega a 159% em relação ao mesmo período de 2020, quando foram queimados 229,4 mil hectares – considerada até então, a pior temporada de incêndios. Os números são do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais do Departamento de Meteorologia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Os focos de calor detectados via satélite chegam a 3.098 de janeiro até 9 de julho, segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais). Aumento de 46,8% em relação ao mesmo período de 2020, quando houve 2.111 registros.
Estrutura
Já são 101 dias de Operação Pantanal 2024, período que já contou com a atuação de 516 bombeiros militares de Mato Grosso do Sul. O mobilização de pessoal tem o apoio do Ibama, ICMbio, PrevFogo, Força Nacional e Forças Armadas. Mais de 400 integrantes que se revezam no combate de acordo com o planejamento das ações.
Ao todo 11 aeronaves são usadas no combate ao fogo, incluindo Air Tractors, helicópteros e o cargueiro KC-390 dos Governos Estadual e Federal. A estrutura ainda conta com 39 veículos, entre caminhonetes, caminhões e lanchas. Lembrando que a estrutura é usada de acordo com a demanda diária.
Ao ouvir detalhes de como Mato Grosso do Sul se desenvolve com sustentabilidade, a cônsul-geral da Alemanha em São Paulo, Martina Hackelberg disse: “Fiquei bem impressionada com o que foi apresentado”. Nesta quarta-feira (24), acompanhada de uma equipe de trabalho, ela se reuniu com o governador Eduardo Riedel, os secretários Rodrigo Perez (Segov), Jaime Verruck (Semadesc) e Artur Falcette (executivo de Meio Ambiente) para conhecer políticas estaduais direcionadas à infraestrutura sem deixar de lado a preservação do meio ambiente.
“Ela ficou surpresa pelo curto espaço de tempo que o Estado tem para chegar a essa situação do Carbono Neutro, mas quando ela compreendeu qual é a estrutura de produção de energia e de produção econômica, ficou evidente que o Estado tem plenas condições de chegar em 2030 no Carbono Neutro”, disse Verruck.
Por meio do Proclima (Programa Estadual de Mudanças Climáticas), são estabelecidas ações para Mato Grosso do Sul ter este reconhecimento internacionalmente, existe até uma resolução exigindo apresentação do inventário de gases de efeito estufa aos empreendimentos que necessitam de licenciamento ambiental.
Também foram discutidas regras europeias para importação de produtos sul-mato-grossenses. Segundo o titular da Semadesc, o governo está preparado para demonstrar à União Europeia quais são os mecanismos de rastreabilidade para que os produtos locais sejam comprovadamente “livres de desmatamentos”.
Durante o encontro ainda foi discutida a possibilidade de intercâmbio nas áreas de ciência e tecnologia, principalmente parcerias com universidades que tenham projetos de desenvolvimento para crescimento aliado à sustentabilidade.
“Eu vejo muitas oportunidades de cooperação entre o Estado e Alemanha e com certeza não vai ser a última visita. A gente já combinou muitas parcerias, por exemplo na área de pesquisa”, declarou a cônsul que classificou a conversa como “ótima”.
A União Europeia é uma das principais financiadoras do Fundo da Amazônia e pode vir a investir no Fundo Clima Pantanal, por isso o assunto teve destaque na pauta do encontro. A iniciativa promove o desenvolvimento sustentável do bioma e possibilita a gestão das operações financeiras destinadas a programas de pagamentos por serviços ambientais.
“Nos surpreendeu inclusive o posicionamento dela [cônsul] de que o governo alemão olha hoje também para esse bioma que é o Pantanal. A gente teve sempre a dificuldade ao buscar esse reconhecimento, então esse bioma já está numa pauta internacional e isso com certeza facilita o olhar de mais de preservação”, finalizou Jaime Verruck.