Quem vai suceder Reinaldo Azambuja?
Esta é a pergunta que se fazem os tucanos e, por extensão, os principais próceres e estrategistas da política em Mato Grosso do Sul. Há uma tendência de prolongamento das indefinições do tabuleiro em que se alinharão os concorrentes ao poder estadual.
Diante disso, o PSDB – partido que controla o maior número de prefeituras do estado, passa a preocupar-se com a chegada do final de 2021 e do início da temporada eleitoral, sem que saiba quais serão de fato os aliados e adversários de campanha. O ninho, aparentemente pacificado, trabalha a pré-candidatura do secretário de Infraestrutura, Eduardo Riedel. Contudo, não tira a atenção da deputada federal Rose Modesto, do prefeito Marquinhos Trad (PSD) e dos ex-governadores André Puccinelli (MDB) e Zeca do PT.
Seriam estas, em princípio, as peças mais competitivas do tabuleiro sucessório. Todas constituindo barreiras complexas e resistentes que podem dificultar e até mesmo impedir o avanço do bom e palatável Riedel. Para dar passos à frente e sair do rinque de patinação em que colocou seu super-secretário, Reinaldo Azambuja precisa remover os obstáculos internos de seu arco de alianças, ou seja, a deputada e o prefeito, ambos instigados pelo desejo de iniciar o ano novo com a indumentária de candidatos.
É difícil a quem está de fora entender a posição de Azambuja em relação a Rose. Ela não tem nenhum tipo de constrangimento ou hesitação para assumir a intenção de candidatar-se ao governo, mesmo sabendo que hoje é um “Plano B” de luxo nas contas do governador e do PSDB. Se for para levar adiante esta intenção, ela tem, nas suas mãos, sob seu controle total, as rédeas do Podemos em território guaicuru. Legenda não é problema, portanto; contudo, o que pesa nesta balança é a fidelidade a Azambuja e ao partido, decisivos no alavancamento de sua projeção, agora já em âmbito nacional.
No caso de Marquinhos Trad, a resposta para 2022 só depende dele. Mais ninguém. Primeiro, por considerar que não deve a Azambuja uma fidelidade tão absoluta e extrema que o impeça de decidir sobre algo tão pessoal. Pode limitar-se ao reconhecimento e à gratidão ao apoio monumental que o Estado vem dando à sua gestão, desde o primeiro dia, e ainda mais, ao empurrão do governador nas eleições municipais em que o partido nem lançou candidato, mesmo tendo em seus quadros candidatos respeitáveis, entre eles a competitiva Rose Modesto.
Quanto a Puccinelli e Zeca, os tucanos podem, no máximo, torcer para que ambos ou ao menos algum deles não estejam entre os concorrentes na sucessão. Por maiores que tenham sido os desgastes do pós-governo, e mesmo muito machucados e despossuídos da estrutura ideal para embates de envergadura, os dois ex-governadores continuam sendo páreos à altura possuem reservas consistentes de prestígio popular e conhecem os segredos desse tipo de enfrentamento.
Hoje é improvável uma costura que livre Riedel da concorrência de Puccinelli e Zeca, a menos que ambos optem pelo caminho mais prático e até menos oneroso, que seria disputar mandatos proporcionais (Câmara dos Deputados ou Assembleia Legislativa). Entretanto, antes de chegar nesse ponto do tabuleiro, Azambuja e o PSDB precisarão refazer a equação interna e definir o que será da vida com ou sem Rose. A propósito: a atuante parlamentar está na conta das mais frequentes e agradáveis interlocuções do “trator” Puccinelli nos últimos meses.