Presença feminina na gestão de Campo Grande se destaca entra as capitais brasileiras

Neste 8 de março, data em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, um dado chama a atenção e deve ser motivo de orgulho para as campo-grandenses: as mulheres estão mais presentes do que nunca no comando da administração municipal. Além de ser uma das duas capitais brasileiras com mulheres na chefia do Executivo, a Prefeitura de Campo Grande é também a quinta no número de mulheres como titulares nas secretarias e subsecretarias, e a segunda na região Centro-Oeste.

A presença feminina no comando de 24 das 37 pastas, contando a Prefeita Adriane Lopes e as adjuntas, se traduz numa administração mais humana, mais sensível às necessidades da população da cidade como um todo, mas, de modo especial, à causa da mulher. Cuidado esse que se converte em ações que visam a garantia da proteção, da saúde, do bem-estar e da dignidade das campo-grandenses.

A representatividade das mulheres na gestão municipal é um grande avanço na luta por igualdade de direitos na nossa sociedade. Assim, Campo Grande se destaca e assume uma posição de vanguarda entre as capitais brasileiras, um exemplo a ser seguido em todo o país.

Conquistas

A participação política das mulheres no Brasil é recente. O direito ao voto, por exemplo, conquistado através do Decreto Nº 21.076, de 1.932 e consolidado na Constituição de 1934, completou 91 anos, em fevereiro, porém, pouco tempo antes, o Brasil conhecia suas primeiras candidatas eleitas.

Em Lajes, no Rio Grande do Norte, no ano de 1.928, aos 32 anos, Luíza Alzira Soriano Teixeira tornou-se a primeira prefeita do Brasil e da América Latina. No mesmo ano, também no estado potiguar, Joana Cacilda Bessa entrou para a história como a primeira vereadora do país. De lá pra cá, muitas lutas foram travadas, tanto para a manutenção dos direitos adquiridos, quanto para que novos fossem alcançados.

Nas eleições de 2022, o número de mulheres eleitas para a Câmara dos Deputados cresceu 18%, passando de 77 para 91 parlamentares. Apesar do aumento, a fatia ainda é pequena quando comparada com o todo, representando 17,7% da Bancada Federal composta por 513 deputados.

Olhar feminino

A Casa da Mulher Brasileira, em Campo Grande, a primeira do país, é referência no combate à violência. Segundo o Dossiê da Mulher Campo-Grandense/2023, entre 2016 e 2022, a CMB realizou 854.363 encaminhamentos nos setores integrados e encaminhamento à rede externa, acolhendo e oferecendo acompanhamento psicológico e jurídico às vítimas, proporcionando todo suporte necessário no processo de superação e resgate da autoestima, autonomia e cidadania, por vezes perdidas nos atos de violência.

Através da Casa da Mulher Brasileira, *Maria Cristina, de 36 anos, conseguiu romper o ciclo de violência sofrido durante 20 anos e começou a escrever uma nova história. O companheiro nunca permitiu que ela estudasse, trabalhasse, ou tivesse amigos. A vida era casa, marido e filhos. E apesar de todo o autoritarismo, ela nunca o viu como agressor, até que um dia os abusos deixaram de ser somente emocionais e passaram a ser físicos.

Foram anos e anos de violência. “Ele sempre chegava em casa bêbado e me batia. Eu sempre dava uma chance. Até que no meu aniversário percebi que não ia mudar. Eu convidei minha irmã e meu irmão para virem em casa e ele me maltratou na frente de todo mundo. Me senti muito humilhada, era para ser um dia feliz pra mim. No outro dia eu fui à Delegacia da Mulher, na Casa da Mulher Brasileira, e o denunciei. Entrei com a medida protetiva. Ele se recusou a sair de casa, aí eu peguei meus filhos e saí. Eu não tinha nem serviço”, diz Maria Cristina.

Na Casa da Mulher Brasileira ela foi encaminhada para a Fundação Social do Trabalho de Campo Grande (Funsat) e através do Proinc conseguiu uma oportunidade de trabalho. Foi o primeiro passo para se reinserir no mercado de trabalho, conhecer novas pessoas e se reconstruir. Atualmente, está trabalhando com carteira assinada.

Superação

Oportunidades de mudança, crescimento e realização de sonhos têm alcançado mulheres em todas as sete regiões urbanas da Capital, como a Aline Paula Marques Ferreira que é mãe de dois meninos e trabalha com vendas em uma loja de embalagens. Hoje, com 30 anos, ela tem casa própria, um carro e comemora porque os meninos estudam em uma boa escola. Mas, a vida exigiu muito até ela chegar onde está. Ela conta que começou a trabalhar quando o filho mais velho estava com seis meses.

A oportunidade chegou depois de muitos nãos por ter criança pequena e não ter com quem deixar. “Foi meu primeiro e único emprego até agora. Vim para cá com meu filho pequeno. Ele tinha seis meses quando comecei a trabalhar aqui. Tive muito amparo desde o início. Sempre pude levar ao médico, ir em reunião de escola, a carteira de vacinação está em dia. Fui abraçada aqui”, diz.

Aline Paula conta que começou nos serviços gerais e foi crescendo aos poucos. Segundo ela, sempre que tinha um tempinho buscava aprender sobre os produtos, as novidades, tudo que pudesse. Aos poucos foi ganhando espaço e hoje é a colaboradora que mais vende na loja.

Para a empresária Rosângela Pereira Machado, apoiar os colaboradores é fundamental para o crescimento da empresa. Ela veio de Goiás, junto da irmã Shirley Pereira Machado, e montou o negócio do zero. “Eu sei bem a dificuldade de começar. Nós iniciamos só com a vontade de trabalhar, poucos acreditavam em nós, não éramos daqui, achavam que não íamos ficar. Duas mulheres, sozinhas, mas tudo foi dando certo, com muito trabalho e conforme a gente foi crescendo precisamos aumentar a equipe. Acabamos tendo esse perfil de contratar mulheres, mulheres sozinhas, mães solo, que buscavam o primeiro emprego. A gente vê que a mulher quando tem a oportunidade ela vai atrás, ela faz acontecer”, diz.

Valorização

As iniciativas de fortalecer as mulheres chamaram a atenção e a empresa foi indicada para receber o Selo “Compromisso com a Igualdade de Gênero” – CIG instituído por meio do Decreto municipal n° 13.248 – concedido às instituições públicas e privadas, que se comprometem em adotar ações efetivas em favor da igualdade de gênero no ambiente profissional.

“Me ligaram e me disseram que nós tínhamos sido indicadas por termos práticas de valorização da mulher, ficamos muito felizes porque é um reconhecimento das oportunidades que a gente coloca no mercado. É muito gratificante vermos as mulheres se tornarem ótimas profissionais”, salienta.

Aline Paula foi beneficiada diretamente pelas ações e concorda. Ela diz que se não tivesse tido essa oportunidade, não teria entrado no mercado de trabalho. “Muitas mulheres que são mães solo acabam dependendo de auxílio, de ajuda, por não ter essa abertura das empresas. Hoje eu tenho minha casa, meu carro, meus filhos estudam em escola boa e tudo graças a essa chance que eu tive aqui”, frisa.

Empoderamento

E para as mulheres que já saíram do mercado de trabalho, mas querem continuar ganhando um extra, a Prefeitura de Campo Grande também tem um lugar especial. O “Espaço do Fazer” foi criado no intuito de ser referência para grupo de mulheres artesãs e empreendedoras que buscam formação para gerar renda e conhecimento para o exercício da plena cidadania.

Instalado na sede da subsecretaria de Políticas para as Mulheres, o local incentiva o empoderamento e a emancipação de mulheres, buscando uma ação que ofereça oportunidades.

Para a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, as atividades no Espaço do Fazer promovem o empoderamento da mulher através da informação, e a emancipação por meio da geração de renda. “Estamos atentas e cuidando em nossa administração da valorização das mulheres e das políticas públicas voltadas para elas. Estamos trabalhando dia a dia para que essas políticas sejam aplicadas de forma correta”, afirmou.

Maíza Odette Pereira Caldas, que participa do projeto, diz se sentir muito bem no local. “Eu conheci o projeto através de uma amiga. Venho porque eu gosto, eu me sinto bem aqui. Eu me sinto evoluindo tanto com as pessoas, as amizades, como nos trabalhos manuais que fazemos”, diz.

Ela conta ainda que quando tem feira aproveita e expõe os produtos e vende alguns dos trabalhos. “É bom, né? Mas, graças a Deus eu sou aposentada e não dependo dessa renda. A maioria dos trabalhos que faço eu dou de presente”, revela.

Já Lira Kuntzel que está no projeto desde 2017 diz participar de tudo. “Eu sempre participo das aulas, das feiras, vendo minhas coisas em casa, nas feiras. A gente faz vários tipos de trabalho: pano de prato, trabalho de fuxicos. Tem muita coisa. Nas datas comemorativas fazemos os trabalhos temáticos. Gosto muito de crochê, faço tapetes, faço de tudo. E já tenho alguns clientes que são meus, que sempre compram”, conta.

Gestão feminina

Celebramos este 8 de março de forma muito especial, tendo a nossa capital governada por uma mulher, a Prefeita Adriane Lopes. No país, somente duas capitais são governadas por mulheres e Campo Grande é uma delas.

A subsecretária Carla Stephanini, titular da Subsecretaria de Políticas para a Mulher (SEMU), exalta a presença das mulheres em postos que lhes permitem participar de decisões tão importantes, que influenciam diretamente a vida de todas as campo-grandenses.

Ela ressalta que “a gestão da Prefeita Adriane Lopes oportunizou mais mulheres exercendo cargos de primeiro e segundo escalão, reconhecendo a importância e necessária participação das mulheres nos espaços de poder e decisão, compartilhando ideias, experiências e conhecimento na formulação e execução das políticas públicas e propondo soluções para a nossa cidade. A força das mulheres que cotidianamente lutam por melhores condições de vida nos move para que as políticas públicas e as ações governamentais possam efetivamente reduzir as desigualdades sociais, promover a equidade de gênero, a redução da violência doméstica e familiar e a igualdade no mundo do trabalho. Que a mulher tão sobrecarregada no cuidado também seja amparada pela política do cuidado e o respeito seja presente na sua jornada”, conclui.

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