Meio ambiente, ocupação dos espaços da cidade, expressão surrealista com personagens oníricos, são os temas abordados na 2ª Temporada de Exposições do Marco (Museu de Arte Contemporânea), unidade da FCMS (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul). A abertura será na próxima quarta-feira (15 de junho), às 19 horas, com entrada franca.
Os artistas foram selecionados por Edital antes da pandemia: Felipe Siqueira, com a Mostra “Desvios Portáteis”; Finok (Raphael Sagarra), com “Liberdade Assistida”; Coletivo DODO, com “OCUPA DODO” e Jó Aquino, com a Mostra “A tua cultura é o meu patrimônio”.
Em “Desvios Portáteis”, o artista visual Felipe Siqueira apresenta uma serie de colagens digitais que fez todas dentro do smartphone, utilizando conteúdos digitais e gerando esse reciclo de publicidade, moda, design, arte. ”Eu gosto muito da expressão surrealista, e dentro da colagem ela se faz muito presente e forte no meu trabalho, essa reinterpretação dos signos, dos símbolos. Eu também abordo uma temática onírica, sensualidade, caos urbano, a cidade, solidão”.
Felipe trabalha com colagens desde 2015, ele é formado em Arquitetura e Urbanismo pela UCDB em 2018. O artista pretende com a sua exposição fazer uma provocação principalmente sobre nossa relação com tecnologia e como isso afeta a nossa percepção de mundo real x imaginário. “Eu vou até o surreal pra falar de coisas que vivemos na vida prática, no cotidiano, o que os visitantes podem experienciar é uma mistura sinestésica, mixando sons e sensações desse submundo digital que mergulhamos todos os dias, repleta de imagens que buscam essas situações e personagens oníricos”.
Finok (nome artístico de Raphael Sagarra) vai expor pinturas, desenhos e escultura na Mostra intitulada “Liberdade Assistida”. O artista parte de um contato mais íntimo com moradores locais e pessoas que se encontram aleatoriamente, geralmente em ambientes que tem alguma ligação com o abandono, e registra pelo meio de conversas, fotografias, desenhos e também suas próprias lembranças, as narrativas de felicidade, tristeza e saudade, destes habitantes locais.
“Os indivíduos que convivem nesses ambientes problemáticos enfrentando múltiplas adversidades, como pobreza excessiva, ausência de atenção por conta do Estado, ou falta de água devido ao clima extremamente seco, se tornam o corpo das obras que buscam a valorização daquilo que está permanentemente em declínio, observando com beleza, e visando maior atenção a essas vidas e territórios, tensionando a discussão sobre o direito à igualdade dentro da nossa sociedade”.
O termo Liberdade Assistida, é uma das medidas socioeducativa previstas em Lei pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, e é destinada aos adolescentes que cometeram algum tipo de ato infracional. A Liberdade Assistida pressupõe certa restrição de direitos e um acompanhamento sistemático do adolescente por parte de um assistente social, mas sem impor ao mesmo a privação de sua liberdade, nem o afastamento de seu convívio familiar, escolar e comunitário. Essa medida é fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo ser revogada, substituída ou prorrogada por tempo indeterminado caso a Justiça determine. É primordial que seja traçado o perfil do adolescente e se entenda a razão da sua infração, seu antecedente social e contexto familiar, a fim de que as orientações possam contemplá-lo integralmente.
O Coletivo DODO apresenta a Mostra “OCUPA DODO”: são 7 artistas (Carol Carvalho, Gabriel Brito, Gabriel Martins, Marina Cozta, Patricia Osses, Victor Macaulin e Xulia) que apresentam trabalhos em fotografia, fotografia de instalação, desenho, lambe e fotografia sobre tecido.
O Coletivo DODO nasce a partir do desejo latente de artistas visuais que buscam habitar, (re)existir em espaços urbanos inacabados, abandonados e esquecidos, que encontram nesses espaços potencialidades, ressignificando-os e transformando-os em espaços ativos, que abriguem acontecimentos , que gerem uma sensação de pertencimento.
O coletivo traça uma cartografia de lugares possíveis de se constituir como espaços com/para Arte, a partir da pesquisa e mapeamento desses espaços na cidade de Campo Grande, reivindicando o uso de espaços públicos e materializando essa reivindicação em ação coletiva de transformação. DODO ocupa com fotografias, vídeo-instalações, performances, instalações, desenhos, pinturas, com Arte, com vida.
DODO é ação direta entre Arte e Vida. DODO é reivindicação de pertencimento à sua própria cidade.
O projeto OCUPA DODO propõe uma ocupação temporária na grande sala do Museu de Arte Contemporânea de Mato Grosso do Sul. Uma ação de transitoriedade por espaços, do marginal ao institucional, perpassando pela margem até o centro, retornando do centro para a margem, traçando suas próprias linhas e instituindo sua cartografia das transitoriedades.
Ocupar com a existência da I Bienal do Centro do Mundo expressa em registros fotográficos, filmes e a edição e lançamento do catálogo, documento que estende e testemunha a sua duração.
Ocupar com as produções artísticas dos artistas do Coletivo, que perpassam e se deslocam entre as linguagens (fotografia, vídeos, instalações, desenhos e o horizonte aberto a outras possibilidades), que nasceram a partir das relações desenvolvidas com os espaços do Centro Cultural de Belas Artes.
Em “A tua cultura é o meu patrimônio”, Jó Aquino apresenta pintura mista, pigmento natural de terra, tinta acrílica e óleo sobre tela. “São paisagens que fazem o expectador pensar sobre degradação da natureza. Faz uma reflexão do homem como autor dessa degradação por meio das queimadas, a agropecuária e agricultura de monocultura como a possível causadora dos desastres ambientais e transformando a paisagem naturais em outras paisagem danificadas por essa agressão humano de um cultura de ganância e capitalista”.
O artista atua desde 1995 e é a primeira vez que trabalha com a questão ambiental, os outros trabalhos anteriores abordam o psicológico e o trauma humano. “Nessa Mostra eu busco a natureza com foco desencadeador de emoções profundas para apreciação do expectador. Por ter nascido no campo e ter convido com a natureza, gosto da natureza selvagem e os biomas, tive sempre no fundo um preocupação ambientalista. Está na hora mais urgente de pensar na conservação da natureza e ajudar ela se recuperar das feridas causadas pelo homem moderno e que no futuro próximo o homem possa ser consciente de que ele é somente um elemento da natureza e não pode ser o vilão desse desequilíbrio natural.
Serviço: A Segunda Temporada de Exposições do Museu de Arte Contemporânea fica aberta ao público de 15 de junho a 28 de agosto, sempre com entrada franca.
O Marco fica na Rua Antônio Maria Coelho, nº 6000, no Parque das Nações Indígenas. As visitações podem ser feitas de terça a sexta, das 7h30 às 17h30. Sábados e domingos das 14 às 18 horas.
Para mais informações e agendamento com escolas ou grupos para realização de visitas mediadas com as arte educadoras do Programa Educativo, basta ligar no telefone (67) 3326-7449.