Em Moscou, Xi Jinping chama China e Rússia de ‘sócios estratégicos’ e convida Putin para Pequim

O presidente da China, Xi Jinping, disse nesta terça-feira (21) que seu país e a Rússia são “grandes potências vizinhas” e “sócios estratégicos”. Xi convidou ainda o presidente russo, Vladimir Putin, para uma visita à China.

Desde segunda-feira (20), o líder chinês está em Moscou, em uma viagem de três dias a convite do Kremlin. Nesta terça, ele participou de uma reunião com o primeiro-ministro russo, Mikhail Mishustin, e, mais tarde, se encontrará novamente com Putin.

No encontro com Mishustin, Xi declarou que o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, “seguirá dando prioridade à colaboração estratégica global entre China e Rússia”.

“Somos grandes potências vizinhas e amplos sócios estratégicos”, disse, de acordo com agências de notícias russas.

Xi convidou também o premiê russo para uma visita à China, de acordo com a mídia estatal chinesa.

Na segunda-feira, Xi e Putin discutiram o plano de paz que Pequim quer apresentar para Rússia e Ucrânia – mas que Kiev deve rejeitar por contemplar, entre outros pontos, que as tropas russas não deixem as áreas ocupadas do território ucraniano.

O Kremlin não deu mais detalhes sobre o conteúdo da conversa entre os dois líderes.

Desde o início deste ano, Putin tem falado frequentemente sobre uma parceria “estratégica” com Pequim. Serviços de Inteligência do Reino Unido e dos Estados Unidos apontam que a Rússia começou a comprar armas da China para tentar fazer frente ao apoio do Ocidente à Ucrânia.

Mas Pequim afirma que a viagem é o primeiro passo na tentativa da China de liderar uma nova rodada de negociação de paz entre Rússia e Ucrânia.

Esta é a primeira viagem do presidente chinês à Rússia desde o início da guerra na Ucrânia. A visita acirra as tensões com o Ocidente, que acusa Pequim de fornecer armas ao Exército russo. O governo chinês nega.

Mandado de prisão a Putin

A visita de Xi acontece quatro dias depois de o Tribunal Penal Internacional, baseado de Haia, na Holanda, emitir um mandado de prisão contra Vladimir Putin pelo crime de “deportação ilegal” de crianças da Ucrânia à Rússia.

Moscou já vinha sendo acusada por organizações não-governamentais, por Kiev e até por uma investigação da Organização das Nações Unidas (ONU) de sequestrar crianças em regiões ucranianas tomadas pelo Exército do país e de levá-las para centros de “reeducação” em território russo. O próprio Kremlin já admitiu o envio dos jovens ucranianos à Rússia, mas alega tratar-se de órfãos.

No sábado (18), Putin desafiou esse mandado de prisão e fez uma visita surpresa à Mariupol, a cidade no sul da Ucrânia fortemente bombardeada por tropas russas e atualmente controlada por Moscou.

A cidade foi arrasada por ataques russos logo no começo da guerra. Mariupol era considerada estratégica para Putin, por ter saída para o Mar Negro e estar próximo à Crimeia, a península ucraniana invadida e ocupada pela Rússia em 2014.

Em 9 de março de 2022, apenas 15 dias após o início da guerra, uma maternidade da cidade foi atingida por bombardeios russos, de acordo com a Câmara Municipal do município. O Ministério da Defesa da Rússia negou que ordenou o ataque aéreo e acusou a Ucrânia de forjar o bombardeio.

Mas imagens registraram a destruição e grávidas tendo de deixar o lugar às pressas em pleno trabalho de parto e carregadas em maca.

Um ano de guerra

A guerra da Ucrânia completou um ano no fim de fevereiro, com a perspectiva de seguir se arrastando ao longo de 2023 e ameaças de Moscou de uma retomada de territórios. O governo russo também tem dado indícios de uma possível parceria com a China.

Kiev, por outro lado, tem se apoiado no envio de armas e equipamentos militares por países do Ocidente, com os tanques alemães Leopard 2, para conseguir expulsar as tropas russas, que controlam atualmente cerca de 20% do território ucraniano, no leste do país.

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