Mãe de dirigente espanhol que deu beijo em jogadora anuncia greve de fome e se tranca em igreja

A mãe do presidente da Federação Espanhola de Futebol, Luis Rubiales, se uniu nesta segunda-feira (28) à polêmica em torno do beijo que Rubiales deu na boca da jogadora Jenni Hermoso na final da Copa do Mundo feminina.

Angeles Béjar, a mãe de Rubiales, se trancou nesta manhã dentro de uma igreja no sul da Espanha e anunciou uma greve de fome em protesto contra a “perseguição” que, segundo ela, seu filho vem sofrendo por conta do gesto.

A greve de fome durará até que Jenni Hermoso “diga a verdade”, segundo anunciou uma prima de Rubiales à imprensa.

Luis Rubiales deu um beijo na boca de Hermoso no domingo (20) durante a entrega de medalhas na final da Copa do Mundo feminina, na Austrália, da qual a Espanha foi campeã. O gesto gerou fortes críticas e repercussões negativas. O primeiro-ministro espanhol condenou a atitude, que duas de suas ministras chamaram de violência sexual.

Na sexta-feira (25), contrariando pedidos e expectativas, ele negou pedir demissão do cargo durante assembleia extraordinária do Conselho Superior de Esportes da Espanha convocada para debater o caso.

Segundo a família de Rubiales, Angeles Béjar se trancou em uma igreja de Motril, uma pequena cidade na região da Andaluzia, no extremo sul da Espanha. De acordo com a imprensa local, Béjar participou de uma missa pela manhã e, ao final, quando o padre saiu, ficou na igreja. O jornal “El Periódico” afirmou que um médico e um policial entraram na igreja para checar seu estado.

“Ela chora sem parar, nós estamos sendo perseguidos nas nossas casas. Só queremos que a Jenni (Hermoso) fale a verdade”, declarou uma prima de Rubiales na porta da igreja onde está a mãe do dirigente.

Desde o início da polêmica, Luis Rubiales alegou que o beijo foi consentido, o que Jenni Hermoso negou.

A família alega que a jogadora mudou de versão algumas vezes – em uma transmissão ao vivo feita em suas redes sociais logo após o jogo, ela disse: “não gostei (do gesto)”. No dia seguinte, a Federação Espanhola de Futebol que Rubiales preside divulgou uma nota na qual a jogadora diz que o beijo foi um gesto entre amigos consentido.

No entanto, a nota não foi divulgada também pela própria jogadora, que não voltou a falar do caso até dias depois, quando negou o consentimento.

No sábado (26), a federação publicou um comunicado afirmando que a atleta mentiu e ameaçou tomar medidas legais contra ela. Mas, no mesmo dia, a Fifa anunciou a suspensão do dirigente por 90 dias, enquanto o caso é julgado por um tribunal esportivo da Espanha, a pedido do governo espanhol.

O tribunal informou que juízes responsáveis pelo caso se reunirão nesta segunda também em caráter de urgência.

“Não vou deixar meu cargo. Foi um beijo espontâneo, mútuo e muito consentido”, declarou Rubiales na assembleia da sexta-feira. “O desejo que eu tinha de dar esse beijo era o mesmo que eu teria de dá-lo na minha filha”.

Ministério Público

Nesta segunda, o Ministério Público espanhol abriu diligências para investigar o caso. Caso veja delito, os promotores denunciarão Rubiales à Justiça convencional por agressão sexual, o mesmo crime pelo qual o jogador brasileiro Daniel Alves, acuso de estuprar uma jovem em Barcelona, responderá em julgamento em outubro.

Em nota, a Promotoria disse ver “indícios” de agressão sexual no comportamento de Rubiales.

Também nesta segunda, a vice-primeira-ministra da Espanha se reuniu com o sindicato de jogadoras de futebol que representa Jenni Hermoso no caso para debater medidas.

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