Às vésperas de fazer seu terceiro discurso na Assembleia Geral da ONU, onde o mandatário do Brasil tradicionalmente abre os trabalhos do maior encontro de líderes do mundo, Bolsonaro chega a Nova York, nos Estados Unidos, com a missão de conciliar duas tarefas quase antagônicas.
Por um lado, segundo diagnóstico do Itamaraty, o Brasil precisa reverter uma crise de imagem internacional. Para isso, o presidente brasileiro teria que abordar exemplos de avanços ambientais em sua gestão, celebrar o aumento da taxa de vacinação e o recuo da pandemia entre os brasileiros, repetir o mantra da responsabilidade fiscal na economia e reafirmar o compromisso do Brasil com direitos humanos e valores democráticos.
Por outro, depois de atrair centenas de milhares de apoiadores às ruas no último sete de setembro e recuar de suas próprias palavras dois dias depois, Bolsonaro vê no evento espaço ideal para reafirmar valores caros à sua base eleitoral – e produzir conteúdo replicável por ela na internet.
“Na próxima terça-feira, estarei na ONU, participando no discurso inicial daquele evento. Podem ter certeza, lá teremos verdades, realidade do que é o nosso Brasil e do que nós representamos verdadeiramente para o mundo”, afirmou o presidente em discurso em Minas Gerais na última sexta, 17.
A pouco mais de um ano da eleição que tem chamado a atenção de agentes políticos internacionais, como o ideólogo do trumpismo Steve Bannon ou expoentes da extrema direita alemã AfD, Bolsonaro pretende ainda usar o palco da ONU para se projetar como uma liderança da direita global. Ao ex-porta-voz de Trump, Jason Miller, Bolsonaro demonstrou intenção de fazer a defesa da liberdade de expressão dos conservadores, que ele vê como alvos de censura das grandes redes sociais por defender suas posições políticas.
“O discurso que veremos é o resultado da queda de braço entre a diplomacia tradicional do Itamaraty e a política externa bolsonarista”, afirma o embaixador Paulo Roberto de Almeida.
Com informações da BBC News Brasil