Antônio Joaquim Mota, também conhecido como “Motinha” ou “Dom”, é o atual líder do chamado “clã Mota”, uma família que atua no crime desde 1970. Conforme apurado, ele é a terceira geração de uma organização criminosa que já atuou no contrabando de café, de cigarros, de eletrônicos e que agora, se especializou no tráfico internacional de drogas, com grande influência no Paraguai e na região de fronteira com o Brasil.
Antônio se autodenominou Dom, segundo a Polícia Federal, em referência a Dom Corleone, o chefe da família criminosa mais poderosa na trilogia “O Poderoso Chefão”.
O megatraficante recrutou para fazer sua segurança pessoal e das operações de tráfico de drogas, um grupo paramilitar, formado por um brasileiro, um romeno, um italiano e um grego. Todos com cursos nacionais e internacionais na área de segurança privada e em operações militares.
Alguns deles, inclusive, já teriam participado de conflitos internacionais, lutando na Guerra da Ucrânia, no conflito da Palestina e contra os piratas da Somália.
A organização de Mota, segundo informações obtidas, se especializou no tráfico de cocaína. A droga, vinda da Bolívia e da Colômbia, chega por via aérea ao Paraguai, na região de fronteira com o Brasil, e de lá segue de helicóptero para os estados de São Paulo e do Paraná, de onde é despachada para os portos de Santos (SP) e Itajaí (SC).
Conforme a apuração, Mota é fornecedor de cocaína para uma facção paulista. Inclusive, a suspeita é que ele tenha relações próximas com outros grandes traficantes que atuavam na região pela facção e que estão presos, como Sérgio de Arruda Quintiliano Neto, o Minotauro, e Caio Bernasconi, o Fantasma da Fronteira, de quem, seria amigo pessoal.
Até mesmo o local onde Motinha estava escondido já havia sido utilizado antes como abrigo para o Fantasma da Fronteira.
Em maio deste ano Motinha escapou de ser preso também dois dias antes de outra operação da Policia Federal, a Helix. Ele estava na fazenda Buracão, propriedade da família em Pedro Juan Caballero, na região de fronteira do Paraguai com o Brasil.
Essa operação cumpriu 10 mandados de prisão e 43 de busca e apreensão contra a organização criminosa de traficante. O nome da ação fez alusão ao modo de operação do grupo, que usa helicópteros para transportar cocaína do Paraguai para o Brasil.
Depois de escapar, Motinha, conforme apurado pelo g1, teria se abrigado em outra fazenda da família, que tem áreas entre o Paraguai e o Brasil, de onde saiu de helicóptero, um dia antes da operação Dominus, na semana passada.
Fuga
A Polícia Federal realizou na sexta-feira (30), mega operação de combate ao tráfico de drogas, em parceria com autoridades paraguaias e o Ministério Público Federal brasileiro. Foram expedidos pela Justiça Federal, 11 mandados de busca e apreensão e 12 mandados de prisão, em quatro estados: Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul.
Dos 12 mandados de prisão, 9 eram para brasileiros e seis foram cumpridos. Todos de integrantes da força paramilitar do grupo de Mota.
Mota e outros cinco integrantes da força paramilitar, entre eles os três estrangeiros, conseguiram fugir. O megatraficante brasileiro está na lista de Difusão Vermelha da Interpol e agora os outros cinco também vão ser incluídos nesta relação dos mais procurados internacionalmente.
Segundo uma fonte ligada à investigação, dois dias antes da ação a informação sobre a operação vazou e chegou a Dom. Ele estava em uma propriedade rural que se estende pelos dois países, entre Ponta Porã, no Brasil, e Pedro Juan Caballero, no Paraguai.
Um dia antes da deflagração da operação, um helicóptero pousou no lado paraguaio da fazenda, e o traficante fugiu do local. Autoridades brasileiras suspeitam de que o vazamento sobre a operação tenha partido do lado paraguaio da operação.
No entanto, representante da Polícia Nacional do Paraguai alegou que apenas a Polícia Federal brasileira tinha acesso as informações sobre a operação. Além disso, afirmaram ainda que os proprietários da fazenda não estavam no local há meses.
Além dos suspeitos presos, a PF apreendeu na operação que recebeu o nome de Magnus Dominus – “o todo poderoso” em latim, faz alusão ao líder do grupo criminoso, um verdadeiro arsenal, com cerca de 14 armas, entre elas 4 pistolas, 3 revólveres e 3 fuzis, além de 40 caixas de munição, seis granadas e colete balístico.