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Na ONU, Bolsonaro se divide entre tentativa de mudar imagem internacional e acenos a eleitorado fiel

Às vésperas de fazer seu terceiro discurso na Assembleia Geral da ONU, onde o mandatário do Brasil tradicionalmente abre os trabalhos do maior encontro de líderes do mundo, Bolsonaro chega a Nova York, nos Estados Unidos, com a missão de conciliar duas tarefas quase antagônicas.

Por um lado, segundo diagnóstico do Itamaraty, o Brasil precisa reverter uma crise de imagem internacional. Para isso, o presidente brasileiro teria que abordar exemplos de avanços ambientais em sua gestão, celebrar o aumento da taxa de vacinação e o recuo da pandemia entre os brasileiros, repetir o mantra da responsabilidade fiscal na economia e reafirmar o compromisso do Brasil com direitos humanos e valores democráticos.

Por outro, depois de atrair centenas de milhares de apoiadores às ruas no último sete de setembro e recuar de suas próprias palavras dois dias depois, Bolsonaro vê no evento espaço ideal para reafirmar valores caros à sua base eleitoral – e produzir conteúdo replicável por ela na internet.

“Na próxima terça-feira, estarei na ONU, participando no discurso inicial daquele evento. Podem ter certeza, lá teremos verdades, realidade do que é o nosso Brasil e do que nós representamos verdadeiramente para o mundo”, afirmou o presidente em discurso em Minas Gerais na última sexta, 17.

A pouco mais de um ano da eleição que tem chamado a atenção de agentes políticos internacionais, como o ideólogo do trumpismo Steve Bannon ou expoentes da extrema direita alemã AfD, Bolsonaro pretende ainda usar o palco da ONU para se projetar como uma liderança da direita global. Ao ex-porta-voz de Trump, Jason Miller, Bolsonaro demonstrou intenção de fazer a defesa da liberdade de expressão dos conservadores, que ele vê como alvos de censura das grandes redes sociais por defender suas posições políticas.

“O discurso que veremos é o resultado da queda de braço entre a diplomacia tradicional do Itamaraty e a política externa bolsonarista”, afirma o embaixador Paulo Roberto de Almeida.

Com informações da BBC News Brasil

Simone Tebet defende criminalização do lobby ilegítimo no Brasil

A senadora Simone Tebet sugeriu resgatar a ideia de regulamentação do lobby no Brasil para criminalizar a prática ilegítima. Ela defendeu esta pauta na CPI da Pandemia, que ouviu hoje o lobista da Precisa medicamentos, Marconny Albernaz Faria.

“Vamos encarar de frente, até para valorizar os lobbies legítimos. Para que a gente possa separar o joio do trigo e dizer, lobista ilegítimo, que visa corrupção, que visa levar dinheiro à custa da dor e da saudade de muitos, tem de estar na cadeia. Mas não estão porque não criminalizamos o lobby ilegítimo no Brasil”, disse. Simone Tebet lembrou que o tema era bandeira do então senador, Marco Maciel, que foi vice-presidente no governo de Fernando Henrique Cardoso. Ele apresentou o PLS 203/1989. O texto foi aprovado no Senado, mas ficou na gaveta na Câmara dos Deputados e acabou sendo arquivado.

Agora, diante de tantas suspeitas envolvendo lobistas desvendadas pela CPI da Pandemia na aquisição de vacinas, a senadora resgata o assunto e sugere que o tema seja apresentado no relatório final do colegiado como projeto de lei. “O Senado, o Congresso e o País, precisam regulamentar essa figura do lobby”, defendeu, ressaltando que Marco Maciel viveu e morreu empunhando esta bandeira.

Para Simone, aprovar matéria neste sentido é fazer justiça à memória de Maciel, morto este ano, bem como à sociedade civil organizada. “Queremos os lobbies legítimos dos servidores públicos que nos abordam, dos empresários, comerciantes, ambientalistas, feministas, de quem pensa diferente de nós, porque isso é a beleza da democracia. Mas há o lobby corrupto, imoral, antiético que é o de atravessadores e intermediários que se aproveitam dos meandros do poder para se beneficiar com superfaturamento, corrupção, contratos escusos e ilegítimos”, disse.

Fonte de Informações: Assessoria de Imprensa

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Simone Tebet diz que carta de Bolsonaro foi para evitar xeque-mate das instituições

A senadora Simone Tebet (MDB-MS) disse que a carta divulgada pelo presidente Jair Bolsonaro, recuando dos ataques realizados contra o Ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, nos atos de 07 de setembro, não geram expectativa de mudança de comportamento e apenas dão uma trégua momentânea. Ela usou a linguagem do xadrez: “Não se muda a essência da noite para o dia. O presidente estava diante de um xeque, se ele ficasse onde estava, poderia receber um xeque-mate das instituições, do Judiciário e do Legislativo. Se desse um passo além, se colocaria em xeque-mate. Game over. Fim da história”.

Simone avalia que o gesto do Bolsonaro repercutiu negativamente na classe política e nos seus apoiadores, muitos dos quais o criticaram pelas redes sociais. A senadora acredita que se o presidente realmente quisesse demonstrar mudança de atitude começaria pela revogação da MP que altera o Marco Civil da Internet e facilita a disseminação de fake news. “Aquela carta de ontem não foi feita por ele, mas ele assinou e, se ele concorda em dar, no mínimo temporariamente, uma trégua para o País, tem que, hoje, pedir de volta a MP, torná-la sem efeito”.

Fonte de informações: Assessoria de Imprensa

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“Fator 7 de Setembro” impõe a Azambuja e Marquinhos um repensar sobre 2022

Partidos e militantes que avançaram em Mato Grosso do Sul engarupados no forte e envolvente apelo populista que Jair Bolsonaro passou a protagonizar com a candidatura à presidência da República em 2018 devem repensar as suas estratégias para as disputas eleitorais de 2022. Os recentes acontecimentos do 7 de Setembro, em especial os recuos do presidente, exigem profunda reflexão acerca dos pesos sobre o que se ganhou e o que se perdeu nos dias seguintes às manifestações.

Duas das maiores lideranças estaduais, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e o prefeito campo-grandense Marquinhos Trad (PSD), ancoraram suas expectativas num espaço aparentemente neutro. Ficaram equidistantes dos acalorados embates entre prós e contras, apesar de, em tese, fazerem o máximo esforço para não assumir teses e posições que desagradem ao presidente.

Não é produtiva nem aconselhável, para Estado ou Município, uma queda de braço com o chefe da Nação. E esta verdade já foi reconhecida em várias e recentes ocasiões. Contudo, o que complicaria politicamente Azambuja e Marquinhos, se interessar a ambos um possível realinhamento político-eleitoral com Bolsonaro, é o novo comportamento que seus partidos ensaiam em relação ao Planalto: o PSDB e o PSD já se distanciaram e até acenaram com olhares mais atentos à ideia do impeachment.

No PSD, o clã dos Trad se divide assim: o senador Nelsinho Trad, que preside o Diretório Regional, ainda vota a favor do presidente no Congresso, mas timidamente se coloca, agora, com os correligionários e dirigentes que proclamam a independência do governo por causa dos ataques à instituição. O deputado federal Fábio Trad é assumida e fervorosamente voz de oposição ao bolsonarismo. E o prefeito Marquinhos Trad, equilibrando-se no discurso e na prática, consegue manter-se olímpico na questão. Não sabe até quando conseguirá segurar essa peteca sob controle, todavia vem regando a horta das boas relações institucionais e políticas com o chefe do executivo Nacional.

No caso do PSDB, a primeira e a última palavra é de Reinaldo Azambuja. É ele quem decide qual embarcação utilizar e com quem vai navegar na sucessão estadual. Em tese, estaria mais próximo de ser convencido pelas vantagens de ficar com Bolsonaro, não só por algumas afinidades ideológicas ou pela franquia de verbas federais, mas também porque a maioria dos partidos que apoiam seu governo estão na base de sustentação do Planalto. O melhor exemplo dessa receita é a deputada federal Rose Modesto. Filiada ao PSDB, ela tem sob seu controle absoluto em Mato Grosso do Sul o Podemos, que lhe caiu nas mãos por obra e graça da amiga e colega de Câmara, Renata Abreu, dirigente nacional da sigla. Autoproclamada como o “Plano B” de Azambuja, caso não prospere a aposta na candidatura do secretário Eduardo Riedel, a deputada sul-mato-grossense está disponível para eventual ingresso na disputa sucessória com apoio de Jair Bolsonaro. E quem se empenha nesta solução é a própria Renata Abreu. 

Azambuja e Marquinhos saíram do 7 de setembro com o desafio de configurar um cenário estratégico absolutamente novo, tendo em vista o duplo impacto causado pelas manifestações: num dia, a explosão das investidas espetaculosas de Bolsonaro e seus fiéis contra o STF, o TSE, congressistas de oposição e imprensa “inimiga”; no outro, o surpreendente e patético recuo de quem liderava, inspirava e fomentava o levante.

Tudo indica que, no saldo geral, o presidente só ficou, no máximo, com quem já tinha e não arregimentou novas forças. E essa leitura é feita por quem pensa e vive de eleições.

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Bittar, o 4º senador do MS

Pela letra política, Mato Grosso do Sul tem direito a três representantes no Senado Federal. Pelas contingências factuais, o Estado conta com mais uma cadeira aliada no mais alto colegiado congressual, ocupada por um político paulista que nasceu em Franca, morou no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e desde o final dos anos 1980 é cidadão acreano.


Márcio Bittar (MDB) faz questão de afirmar e de sentir-se, também, um representante sul-mato-grossense. Não somente pelo empenho com que se dedica às demandas do estado, sobretudo dentro da estreita relação política e afetiva que tem com o governador Reinaldo Azambuja (PSDB), mas especialmente por laços que construiu durante a agitada experiência que marcou o início de sua trajetória na vida pública, atuando nos movimentos estudantis, políticos e sociais do Estado. Aqui residem amigos fraternos da juventude e ainda a mãe e irmãs.


Hoje, aos 58 anos, colecionando mandatos e senador pelo Acre, ele mantém a mesma energia daquele simpático jovem que liderou passeatas e várias mobilizações como presidente da União Campo-grandense de Estudantes ou à frente de campanha pela redemocratização do país. Com o refinado discurso de quem faz a leitura competente dos desafios nacionais e a vocação apurada para a articulação política, tornou-se um dos mais importantes líderes da República.

Respeitado no Congresso Nacional, trânsito livre nos gabinetes ministeriais e dono de credenciais que o fizeram aliado e amigo dos mais próximos do presidente Jair Bolsonaro. Não ao acaso foi escolhido para conduzir tarefas estratégicas do Planalto, como as de relator da PEC Emergencial e da Comissão Mista do Orçamento da União de 2021.

Na esteira dessas responsabilidades, Bittar coloca seu prestígio a serviço das causas nacionais, mas assegurando em sua agenda uma atenção diferenciada para as reivindicações sul-mato-grossenses, contribuindo com o esforço dos senadores locais e dando um tempero decisivo para os avanços que o Estado já conquistou.

Bittar cumpriu uma longa e desafiadora jornada no Acre. Foi deputado estadual e federal e é, até hoje, o recordista de votos para a Câmara Federal – quando obteve 15,27% dos votos válidos, nas eleições de 2010. Com uma votação maiúscula em 2018 conquistou o mandato de Senador da República.

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Na pandemia, Mato Grosso do Sul e Azambuja “redescobrem” Geraldo Resende

Depois de não ser reeleito para o que seria seu quinto mandado de deputado federal, em 2019, Geraldo Resende foi convidado pelo governador Reinaldo Azambuja para comandar a Secretaria de Estado da Saúde. Embora estivesse assegurado o exercício de mais uma legislatura, em função de ser o primeiro suplente e a colega Tereza Cristina já estar anunciada como ministra da agricultura do governo Bolsonaro, aceitou. Fez então a escolha. Ao invés de dividir-se entre Mato Grosso do Sul e Brasília, para atender as demandas parlamentares, preferiu ficar em seu Estado, mesmo fora da visibilidade de um mandato federal. Era de seu feitio, como médico experiente e escolado em política pública.

Até ser iniciada a campanha contra o COVID -19, Geraldo Resende conduzia a Pasta de maneira até discreta, mas com ações resolutivas. A partir do momento que o Brasil oficializou a pandemia, a determinação e a expertise em saúde pública do médico fez a diferença para todos os sul-mato-grossenses. Estão sendo meses difíceis, de tomada de decisões duras e antipopulares, de trabalho extenuante, de incompreensões por parte de políticos pouco responsáveis, mas a autoridade sanitária não se acovardou e até nas situações mais dramáticas entoava a ladainha: “O coronavírus só será vencido depois que todo mundo estiver imunizado. Até lá, não podemos e não vamos relaxar, mantendo o distanciamento social, fazendo a higiene adequada, evitando aglomerações e obedecendo aos protocolos médicos e científicos”.

É com esta decidida convicção que há 18 meses – desde 26 de fevereiro do ano passado, quando o Brasil oficializou a pandemia – o médico e secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, conduz a política publica de emergência para o combate e a prevenção à Covid-19. E agora, reforçado pela Campanha Nacional de Vacinação, esse processo traz números e situações que compõem a fotografia vitoriosa de um desempenho aplaudido em todo o País.

Hoje, Mato Grosso do Sul é o estado que tem a melhor média de imunização da população e foi também aquele que soube distribuir com maior agilidade, a todos os municípios, as doses enviadas pelo governo federal. Isso possibilitou que milhares de vidas fossem salvas.

Pode até ser que ao aceitar a missão de comandar a Secretaria de Saúde pela segunda vez – a primeira foi no governo do Zeca do PT, que o colocou nas condições de disputar e ser eleito a uma das cadeiras da Câmara Federal – Geraldo antevisse que o cargo pudesse reanimá-lo para as disputas eleitorais futuras. O que ele não imaginava é que o amplo e vigoroso reconhecimento pelo seu trabalho o colocasse no arco de indicações para as disputas majoritárias de 2022.

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Os desafios que antecedem a disputa para governador em 2022

Se a fé prevalece na política, então as ansiosas conjecturas dos liderados do prefeito Marquinhos Trad (PSD) precisam ser calçadas por uma garantia que os céus ainda não puderam dar.

Não se pode duvidar do ardor e da admirável convicção com que o gestor campo-grandense submete o seu futuro político e eleitoral à vontade de Deus – entretanto, esse tipo de destino não é de pertencimento único, tendo em vista que o Deus desta fé é o mesmo de outros eventuais garimpeiros que concorrem com o prefeito na sondagem futurista sobre seus destinos, entre os quais André Puccinelli (MDB), Eduardo Riedel (PSDB) e José Orcírio dos Santos, o Zeca do PT.

Deus não é cabo eleitoral, não vota e nem escolhe candidaturas – limita-se, de acordo com suas santas atribuições, a abençoar todos aqueles a quem deu a vida. Os destinos ficam sob a responsabilidade de cada um. Nesse caso, então, reserva-se aos competidores da próxima disputa eleitoral em Mato Grosso do Sul encontrar suas próprias fórmulas e estratégias para fazer o jogo sucessório.

Será um exercício temerário e inócuo fazer uma reflexão conclusiva sobre quem dentre esses quatro teria a vantagem na largada para 2022 e, em consequência, no desenrolar do jogo. Um ponto de partida a ser considerado para tal análise está nas pesquisas de avaliação de desempenho político-administrativo e das intenções de voto.

ANDRÉ PUCCINELLI – Em princípio, a fotografia das amostragens sobre tendências do eleitor neste momento aponta o ex-governador André Puccinelli com a maior taxa de preferência em relação aos demais. Na média, porque já têm pesquisas para todos os gostos, ele lidera até com relativa folga. No entanto, a sua candidatura ainda é uma incógnita. Embora tenha assumido a intenção, inclusive com uma página de pré-candidato nas redes sociais, o emedebista carrega a pesada carga de questionamentos morais e políticos decorrentes das denúncias que o Ministério Público lançou no caso “Lama Asfáltica”.

Puccinelli não é réu, porém é alvo de incômodas e desgastantes acusações desde o último dia de seu segundo mandato de governador, em 2014. Isso pesa. E muito.

RIEDEL – No caso de Eduardo Riedel, os prós que sobram em seu perfil técnico e na impecável folha corrida ainda não reforçam no perfil político e eleitoral. Para potencializar a condição de garimpeiro de votos, precisará descobrir meios e um chão mais eficiente para percorrer. Até agora, as pesquisas andam sinalizando que o fato de ser ungido pela Governadoria não facilita o tráfego pelas vias eleitorais – ao contrário, podem até torná-lo mais difícil.

Há tempo, mas não tanto quanto seria necessário para Riedel amadurecer no imaginário do eleitor como a pessoa que as urnas crismariam como continuador da aprovada performance de Reinaldo Azambuja no governo. E aí um dos itens para a receita dessa candidatura: fazer com que uma gestão de sucesso reconhecido pelos indicadores gerenciais e econômicos do país neutralize o contrapeso da avaliação pessoal que setores engajados fazem sobre seu governante estadual.

JOSÉ ORCÍRIO – Quanto a Zeca do PT, já em estado latente de pré-candidatura, o cenário que se projeta o desaconselha a ter esperanças seguras de êxito. O partido já não tem o mesmo encanto de antes e os revezes eleitorais tiram muito do oxigênio que havia quando a inserção popular e social era mais encorpada. Desde 2006, quando Zeca fechou seu segundo mandato de governador, o PT vem perdendo espaços em todas as instâncias de representação política e popular no Estado.

A luz de seu túnel traz um alento, é verdade, com a baixa do ciclo bolsonarista e a quase ressurreição política de Lula. Todavia, isso ainda não significa transferência de prestígio para dar peso competitivo na sucessão estadual. Zeca é nome forte, sabe fazer o jogo de confronto e no páreo a ser travado nas ruas é dos mais competentes. Resta saber até onde vai seu alcance eleitoral.

MARQUINHOS TRAD – A devoção de Marquinhos é elogiável. Mas não é ela que deverá guiar sua decisão. Inteligente, deve reconhecer que segue a um Deus que é Pai também dos concorrentes e não faz acepção. Portanto, decidir sobre candidatura ao Governo implica, antes de tudo, sopesar riscos, vantagens e desvantagens, metas a curto, médio e longo prazo.

Está em suas mãos, entre outras coisas, avaliar conclusivamente, e desde já, se está disposto a renunciar à prefeitura em abril, seis meses antes das eleições, e entregar a titularidade do cargo à vice-prefeita Adriane Lopes (Patriota). Além disso, verá diante de si uma situação constrangedora se tiver de enfrentar Eduardo Riedel, candidato do governador a quem se comprometera a retribuir em igual tom o apoio que recebeu para se reeleger prefeito em 2020.

Marquinhos deve estar ouvindo aqui e ali chamados do tipo “a hora é esta”. É uma provocação impulsionada por alguns ingredientes de estímulo. Um deles é o calendário: se ficar até o fim do mandato na prefeitura, em 2024, será obrigado a esperar até 2026, quando já terá vivido dois anos no “sereno”, sem mandato e sem as franquias afetivas, políticas e litúrgicas das relações que se estabelecem quando a caneta do poder está à mão.

Outro chamado provocativo e estimulante é a constatação da probabilidade matemática oferecida pelas pesquisas, que na média atribui ao prefeito de Campo Grande uma aprovação superior a 50% e cerca de 30% dos votos na capital. Ora, um terço dos campo-grandenses aptos a votar equivalem a aproximadamente 205 mil eleitores, fatia considerável e decisiva no caso de disputas estaduais.

Por fim, uma última e irresistível condição para Marquinhos levantar seu voo seria ter Puccinelli fora da disputa e Riedel patinando nas pesquisas. A primeira hipótese se torna mais provável, tendo em vista o empenho redobrado de Reinaldo Azambuja para alavancar o avanço de seu pupilo, a quem confiou o primeiro plano de protagonismo no lançamento e na inauguração das obras de infraestrutura que o governo vem realizando nos 79 municípios.

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Em Brasília, CPI reconvoca motoboy e quebra sigilos da empresa VTClog

Após as ausências do motoboy Ivanildo Gonçalves e da diretora-executiva da VTCLog, Andréia Lima, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia vai se dedicar a aprofundar as investigações sobre a empresa, selecionada pelo Ministério da Saúde para cuidar da armazenagem e distribuição de medicamentos. O anúncio foi feito pelo presidente, Omar Aziz (PSD-AM), na reunião desta terça-feira (31), quando foi aprovada a reconvocação do motoboy e a transferência  de sigilos fiscal, telemático e bancário da VTCLog. 

Agora a CPI irá focar no depoimento de todas as pessoas da VTCLog. Todas, sem exceção. Nós iremos a fundo na VTCLog até a CPI concluir essa questão ? disse Omar Aziz.

Relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou que a VTCLog movimentou de forma suspeita R$ 117 milhões nos últimos dois anos. Ivanildo, que é motoboy a serviço da VTCLog, teria feito saques suspeitos que somam o montante de R$ 4,7 milhões. Ele estava convocado para oitiva nesta terça-feira, mas não compareceu, após decisão liminar do ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), que desobrigou-o de participar da reunião. Senadores consideraram que a posição contraria decisões anteriores do STF. 

Renan disse durante a reunião que novas informações apontam que Ivanildo pagava boletos do ex-diretor do Departamento de Logística (Delog) do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias. As imagens de onde foram feitos os pagamentos foram requeridas pela CPI e exibidas durante a reunião. 

? Se isso não for prova suficiente para que o ministro reconsidere sua decisão, nada mais é ? disse Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI.

Renan Calheiros reforçou que não recai sobre Ivanildo qualquer responsabilidade por crime. Senadores também aguardam resposta da Polícia Federal sobre pedido de proteção policial para o motoboy. 

? Ele não cometeu crime. Ele cumpriu uma ordem ? ressaltou Renan. 

Simone Tebet (MDB-MS) disse estar em um deja vu, ao esperar pelo depoimento motoboy Ivanildo Gonçalves à CPI. Ela lembrou que, em 1992, o motorista Eriberto França confirmou a distribuição de recursos públicos para contas privadas dos investigados na CPI do PC Farias.  

? Eu tenho certeza de que Ivanildo estava pronto para dizer a verdade ? expôs a senadora, ao lembrar também do depoimento do consultor do Ministério da Saúde William Amorim Santana, técnico da Divisão de Importação, que “não se acovardou” e apontou que fez três alertas sobre erros na invoice (fatura para negociação internacional) para aquisição da vacina indiana Covaxin.


Com informações e foto da Agência Senado

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Carlos Bolsonaro tem sigilos fiscal e bancário quebrados pela Justiça

Pela primeira vez desde o início da investigação, há dois anos, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) levanta a possibilidade de um esquema de “rachadinha” no gabinete de Carlos na Câmara de Vereadores..

Eleito vereador do Rio pela primeira vez em 2001, Carlos Bolsonaro está no sexto mandato consecutivo. Nesses 20 anos, dezenas de pessoas já foram nomeadas em seu gabinete.

O regulamento da Câmara do Rio diz que esses assessores têm que cumprir uma jornada de trabalho de 40 horas semanais.

Mas o MP afirma ter indícios de que vários desses assessores não cumpriam o expediente na casa. E podem ser considerados funcionários “fantasmas”.

A investigação foi aberta em julho de 2019. E agora, pela primeira vez, os promotores falam na possibilidade da prática de “rachadinha” no gabinete de Carlos Bolsonaro.

O Ministério Público pediu a quebra dos sigilos para saber se a contratação desses funcionários fantasmas foi ou não um instrumento utilizado pelo vereador para desviar salários.

Seis núcleos 

Os assessores do gabinete suspeitos de serem funcionários “fantasmas” foram divididos pelo MP em seis núcleos.Um deles é formado por parentes de Ana Cristina Siqueira Valle ? ex-mulher de Jair Bolsonaro (sem partido), mãe do quarto filho do presidente da República, Jair Renan.

Ana Cristina foi chefe de gabinete de Carlos entre 2001 e abril de 2008 ? ano em que se divorciou de Jair Bolsonaro.

Ana Cristina também foi alvo de comunicações do Coaf. O documento revela que, durante o período em que esteve à frente do gabinete de Carlos Bolsonaro, ela recebeu “depósito de elevadas quantias de dinheiro em espécie em sua conta bancária”.

Como, por exemplo, um depósito de mais de R$ 191 mil em março de 2011. E outro de mais de R$ 341 mil em julho do mesmo ano. O pedido de quebra de sigilo destaca ainda que Ana Cristina tinha um saldo de R$ 602 mil, que ? segundo o Coaf ? seria incompatível com a renda dela.

Indícios de ‘lavagem de dinheiro’ 

A movimentação acima da capacidade financeira cadastrada, além de transferências atípicas, segundo o documento, podem configurar indícios do crime de lavagem de dinheiro em conta de Ana Cristina.

Consta também o repasse de R$ 30 mil que Ana Cristina recebeu de uma tia, na época em que a parente ocupava cargo comissionado no gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa. Para o MP, essa é uma prática sugestiva de “rachadinha”.

Os investigadores dizem que a elevada movimentação em espécie sugere que Ana Cristina Siqueira Valle seja a destinatária dos salários pagos a parentes dela, que foram indicados para trabalhar no gabinete de Carlos Bolsonaro.

Esses parentes, aponta o MP, sequer moravam ou trabalhavam na cidade onde Carlos Bolsonaro tem cargo.

Os promotores afirmam que só depois da quebra dos sigilos será possível quantificar, com precisão, o volume de recursos desviados dos cofres públicos ? pelos crimes de peculato, materializados no esquema das “rachadinhas” ? e seguir o destino do dinheiro público desviado.

O que dizem os citados 

Carlos Bolsonaro 

Em nota, vereador afirmou que está ‘à disposição para prestar qualquer tipo de esclarecimento as autoridades’.

Ana Cristina Valle 

A defesa de Ana Cristina Siqueira Valle informou que “apenas se manifestará nos autos do processo uma vez que o mesmo tramita em segredo de justiça. No entanto, não podemos deixar de repudiar o vazamento de informações, prática esta que tem se tornando cada vez mais frequente”.